O Sindicato dos Policiais Federais no Paraná (Sinpef-PR) decidiu suspender a greve em todo o estado até a próxima quarta-feira. A expectativa da categoria em nível nacional é de que o governo federal faça uma proposta na próxima semana aos policiais. No estado, os agentes vão retomar suas atividades a partir de hoje, segundo decisão tomada em assembleia ontem.
De acordo com o presidente do Sinpef-PR, Fernando Augusto Vicentine, a retomada do trabalho é um "voto de confiança" ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que esteve em duas reuniões nesta semana com a Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) e encaminhou as reivindicações ao Ministério do Planejamento.
Em greve desde terça-feira, os policiais pedem reajuste salarial, aumento de efetivo e valorização de cargos. Segundo o vice-presidente da Fenapef, Paulo Roberto Poloni Barreto, apesar da apresentação das reivindicações ao ministro, ainda não há nada de concreto que atenda aos interesses da categoria.
De acordo com Vicentine, a categoria permanece em estado de atenção até a próxima quarta-feira. "Se nenhuma proposta for feita, a situação vai ficar ainda pior do que foi hoje [ontem] em Curitiba", disse, referindo-se à operação-padrão feita no Aeroporto Internacional Afonso Pena.
Lentidão
Da zero hora às 11 horas de ontem, todos os passageiros que embarcavam tinham as bagagens revistadas, o que fez muitos voos atrasarem. O terminal aeroviário chegou a registrar atraso em 53% das partidas. A dona de casa Fernanda Ferreira, de 31 anos, embarcaria para Londrina, onde visitaria o pai, com os filhos de 4 anos e seis meses. O voo da TAM deveria partir às 10h32, mas até 11h15 o avião nem havia chegado ao Afonso Pena. Fernanda conta que ela e a família chegaram a entrar na sala de embarque. À tarde, por volta das 18 horas, das 91 partidas do aeroporto, 46 tiveram atraso e 14 foram canceladas.
O rigor nas revistas levou à apreensão de 6 mil comprimidos de ecstasy na mala de uma pessoa que tentava embarcar para Belo Horizonte. Lá, ele faria uma escala para Goiás, destino final da carga.
Governo promete fazer proposta na semana que vem
Folhapress
A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, negociadora do governo com o movimento grevista, promete para a próxima semana uma resposta final sobre o reajuste aos servidores federais. Ela não antecipou detalhes sobre quais carreiras ainda poderiam ser contempladas nem sobre a extensão do benefício, se ele ocorrer.
A reportagem apurou que apesar de integrantes do governo considerarem que não há espaço fiscal para conceder um reajuste linear para todo o funcionalismo, essa possibilidade não está descartada. Se acatasse todas as reivindicações, a equipe econômica teria de desembolsar R$ 92 bilhões, o equivalente à metade da folha atual de pagamento e 2% do PIB (Produto Interno Bruto). "É impossível. São duas vezes o PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] deste ano", comparou a ministra.
Com categorias paradas há meses, o fato é que a presidente Dilma Rousseff tem diante de si uma das mais amplas greves em número de carreiras e áreas atingidas. Nas contas dos grevistas, são quase 30 órgãos federais envolvidos. Não se sabe, porém, o número exato de funcionários parados porque os sindicatos e o governo dão números discrepantes.
Por causa de uma mudança legal que exige que a definição de reajustes para o ano seguinte sejam fixadas até o último dia de agosto , as reivindicações acabaram se concentrando nesses meses, ampliando a pressão e a sensação de gravidade.