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Segurança

Policiais unificam insatisfação

Soldados do Exército fazem cerco aos policiais militares – em greve há nove dias – na Assembleia Legislativa da Bahia: movimento deflagrou crise institucional que preocupa outros governadores | Lúcio Távora/Folhapress
Soldados do Exército fazem cerco aos policiais militares – em greve há nove dias – na Assembleia Legislativa da Bahia: movimento deflagrou crise institucional que preocupa outros governadores (Foto: Lúcio Távora/Folhapress)

A ameaça de paralisação das Po­­lícias Civil e Militar em vários estados de Norte a Sul do país não acon­­­­tece por acaso. É cada vez mais evidente a suspeita de que as recentes greves na Bahia, Ma­­ra­­nhão, Piauí e Ceará são fruto de uma articulação nacional das corporações para pressionar o Con­­gresso pela aprovação da Proposta de Emenda Constitu­cional (PEC) n.º 300, que visa corrigir defasagens salariais e uniformizar a re­­muneração de policiais militares e bombeiros.

De acordo com o coronel PM da reserva Adalberto Rabelo, um dos líderes do movimento no Rio de Janeiro, a deflagração de uma greve nacional da categoria – embora proibida por lei – "é inevitável". "Ti­­ve­­mos reuniões em Bra­sília e planejamos os movimentos nos estados. Estamos em constante contato", disse. Na terça-feira, o serviço de inteligência do Palácio do Pla­­nalto informou que o risco de paralisação é alto em seis estados: Rio, Pará, Alagoas, Espírito Santo, Rio Gran­­de do Sul e Paraná. On­­tem, associações de policiais do Rio e de São Paulo promoveram atos públicos em solidariedade ao mo­­vimento grevista da Bahia.

Para o governador do Sergipe, Marcelo Déda (PT), os estados estão sentados em um "barril de nitroglicerina que ameaça o estado democrático de direito no Brasil". Déda revelou que há uma preocupação dos governadores com a insatisfação dos policiais. "É preciso abrir uma agenda de diálogo no país pa­­ra pensar um novo modelo para a segurança pública. As atuais instituições criadas pela Constituição precisam ser reavaliadas, inclusive seus papéis e atribuições", explica.

Para o ex-secretário Nacional da Segurança Pública e coronel da reserva da PM de São Paulo José Vi­­cen­­te da Silva, a greve na Ba­­hia e as ameaças de paralisação em outros estados são fruto de uma crise anterior à questão sa­­larial. "Es­­tados com chance de greve já são unidades com crises instaladas faz tempo. O problema da Bahia é o governo baiano."

Silva informou que, em outras greves, há alguns anos, visitou vá­­rias corporações e viu que as pa­­ralisações aconteciam não apenas pela questão financeira, mas também por um tratamento ruim dos oficiais em relação aos praças. "Em vários estados há um clima de ressentimento muito forte entre praças e oficiais", conta.

Paraná

A possibilidade de greve na PM do Paraná é considerada menor em relação a outros estados. Isso porque, de certo modo, o Paraná está um passo adiante do restante do Brasil. Enquanto outros estados reivindicam a aprovação da PEC 300 para estabelecer um piso salarial, os paranaenses já contam com a Emenda à Constitução do Paraná número 29, aprovada em outubro de 2010 pela Assembleia Legislativa.

A emenda atende a implantação do subsídio aos policiais militares e civis. O problema é que o texto concede ao governador do estado seis meses para regulamentar a emenda, o que até agora não ocorreu. Isso é motivo de insatisfação nos batalhões do estado. A re­­gulamentação deve ser feita por um anteprojeto que definirá os de­­talhes do subsídio.

Indicativo de greve no IML e na Criminalística

Aline Peres

A Polícia Científica do Paraná, que reúne servidores do Instituto Médico Legal e do Instituto de Criminalística, aprovou um indicativo de greve ontem. A paralisação será aprovada ou não a partir da reunião com o governo na próxima terça-feira, quando representantes de todas as polícias estarão reunidos com o governo para tratar da questão salarial.

Os servidores reivindicam me­­lhorias funcionais e a revisão do plano de cargos e salários, enviado à Secretaria de Estado da Segurança Pública no ano passado. "Um ano de governo e nada mudou", diz a presidente da As­­sociação dos Mé­­dicos Legistas do Paraná, Maria Letícia Fagundes.

Peritos oficiais e auxiliares de necropsia de várias cidades do estado que estavam presentes à as­­sembleia reforçaram que a mobilização busca fortalecer a instituição. "O governo tem que atentar pelas necessidades de melhorias. As condições de trabalho também estão atreladas às condições salariais", diz o presidente do Sindicato dos Peritos Oficiais e Auxiliares do Paraná, Ciro José Cardoso Pimenta.

A categoria quer equiparação com profissionais de outros estados. Pimenta diz que um perito cri­­minal recebe pouco menos de R$ 5,4 mil e um auxiliar de necropsia, pouco mais R$ 1,4 mil. Com­­pa­­rado com ou­­tros estados, o salário de perito no Paraná é o menor da Re­­gião Sul e um dos menores do Bra­­sil. Em Santa Catarina, por exemplo, a remuneração inicial é su­­perior a R$ 8 mil.

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Interatividade

A polícia deve ter o direito de fazer greve? Por quê?

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