Julgamento teve 14 horas e policial foi condenado por alterar a cena do crime
- RPC TV
O policial Daniel Luís Santiago Cortes foi condenado a 12 anos e 10 meses de prisão por forjar provas no caso da morte do estudante Rafael Rodrigo Zanella, em maio de 1997, no bairro Santa Felicidade, em Curitiba. O julgamento do júri popular na 1.ª Vara do Tribunal do Júri começou por volta das 11 horas de terça-feira (9) e foi encerrado na madrugada desta quarta-feira (10), às 1h45. A sentença também determinou a perda do cargo do policial.
Cortes era o superintendente do 12.º Distrito Policial, em Santa Felicidade, responsável pela região onde ocorreu o crime. Ele foi condenado por atirar contra o carro dos policiais que abordaram Zanella para que se criasse uma situação de troca de tiros entre o rapaz e os policiais.
Durante o julgamento foram ouvidos os promotores do Ministério Público, os advogados de defesa, as testemunhas do réu e o próprio acusado. Essa foi a quinta pessoa julgada por envolvimento no caso da morte do estudante. Na quinta-feira (11) mais um acusado será julgado. Carlos Henrique Dias era um dos escrivães da delegacia.
Segundo a acusação, Dias teria registrado os fatos de forma distorcida na noite do assassinato. O advogado dele, Antônio Rabello de Mello, diz que não havia como ele saber que tudo se tratava de uma farsa. "Dias não participou da manipulação do local. Era escrivão e chegou à delegacia quatro horas depois da ocorrência. Ele acreditou nos policiais e registrou o que eles contaram", defende.
O julgamento está marcado para começar às 9 horas, segundo informações da 1.ª Vara do Tribunal do Júri. No total são 21 jurados, sendo que sete serão sorteados para participar do júri popular que irá proferir a sentença.
Na segunda-feira (15) será julgado Maurício Bittencourt Fowler, na época um dos delegados do 12.º DP. Ele teria sido o mentor da farsa e é acusado de tentar convencer os rapazes que estavam com Zanella a confirmar que o jovem era um traficante. Esta versão não corresponde à realidade, segundo o advogado de defesa Arnaldo Busato Filho. "Ele estava em uma partida de futebol quando foi chamado até a delegacia para atender uma situação de emergência. Quando chegou lá, já se deparou com o quadro pronto. Ele foi induzido a acreditar no que a equipe policial relatou que era verdade", afirma.
O crime
Na noite de 28 de maio de 1997, o estudante universitário Rafael Rodrigo Zanella, 20 anos, foi abordado por três policiais civis - Aírton Adonski, Reinaldo Siduovski e Jorge Élcio Bressan e também pelo estudante de Direito, Guilherme Vieira Doni, e por um informante da polícia, Almiro Deni Schmidt. Estes dois últimos prestavam serviços de forma irregular no 12.º Distrito Policial (DP). Quando parou o carro que dirigia, o universitário levou um tiro na cabeça, efetuado pelo informante. Ele foi confundido com um traficante.
Logo depois do assassinato, os homens envolvidos no crime tentaram mudar a cena do crime. Eles colocaram um revólver na mão de Zanella e implantaram maconha na roupa dele. O objetivo era alegar que o rapaz era um traficante que reagiu à abordagem policial. Outros três rapazes que estavam com o estudante no automóvel foram presos, agredidos e ameaçados. Cerca de uma semana depois do fato, uma perícia policial revelou toda a armação realizada.
Em 1998, Adonski e Siduovski foram condenados por fraude processual, denunciação caluniosa e tortura. Eles ficaram presos até 2005 e depois foram soltos pela Justiça. No ano 2000, o informante Schmidt foi condenado a 21 anos de prisão por homicídio. Desde março de 2008, ele responde pelo crime em liberdade. Bressan recorreu à pronúncia do juiz em 1.º grau e o Tribunal de Justiça decidiu não mandá-lo a julgamento. Doni não foi acusado pelo homicídio e teve o processo dele suspenso.
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