Na época do crime, policiais colocaram um revólver na mão de Zanella e deixaram maconha na roupa dele. O objetivo era alegar que o rapaz era um traficante que reagiu à abordagem policial

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Mais um policial acusado de participação no esquema que encobriu provas no caso da morte do estudante Rafael Rodrigo Zanella, em maio de 1997, foi condenado nesta quinta-feira (11). Carlos Henrique Dias era um dos escrivães do 12.º Distrito Policial, em Santa Felicidade, quando aconteceu o crime. Ele foi condenado a 11 anos de prisão e perda da função pública.

O julgamento de Dias foi o segundo em uma semana envolvendo acusados pela fraude. Em uma sessão que terminou na madrugada de quarta-feira, o policial Daniel Luís Santiago Cortes tinha sido condenado a 12 anos e 10 meses de prisão. Carlos Henrique Dias foi a sexta pessoa julgada por envolvimento no caso da morte do estudante e era acusado de ter registrado os fatos de forma distorcida na noite do assassinato de Zanella.

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O advogado de Dias, Antônio Rabello de Mello, argumentou que não havia como ele saber que tudo se tratava de uma farsa. "Dias não participou da manipulação do local. Era escrivão e chegou à delegacia quatro horas depois da ocorrência. Ele acreditou nos policiais e registrou o que eles contaram", defendeu.

Durante o julgamento desta quinta foram ouvidos os promotores do Ministério Público, os advogados de defesa, as testemunhas do réu e o próprio acusado. A sessão começou às 9 horas. Antes do julgamento foram sorteados sete jurados, dos 21 convocados, para formar o júri popular. O julgamento ocorreu no Tribunal do Júri, no Centro Cívico, em Curitiba.Na próxima segunda-feira, será julgado Maurício Bittencourt Fowler, na época um dos delegados do 12.º DP. Ele teria sido o mentor da farsa e é acusado de tentar convencer os rapazes que estavam com Zanella a confirmar que o jovem era um traficante.

O crime

Na noite de 28 de maio de 1997, o estudante universitário Rafael Rodrigo Zanella foi abordado por três policiais civis -- Aírton Adonski, Reinaldo Siduovski e Jorge Élcio Bressan –, pelo estudante de Direito Guilherme Vieira Doni e por um informante da polícia, Almiro Deni Schmidt. Estes dois últimos prestavam serviços de forma irregular no 12.º Distrito Policial (DP). Quando parou o carro que dirigia, o universitário, confundido com um traficante, levou um tiro na cabeça.

Logo depois do assassinato, os homens envolvidos no assassinato tentaram mudar a cena do crime. Eles colocaram um revólver na mão de Zanella e deixaram maconha na roupa dele. O objetivo era alegar que o rapaz era um traficante que reagiu à abordagem policial. Cerca de uma semana depois do fato, uma perícia revelou toda a armação realizada. Em 1998, Adonski e Siduovski foram condenados por fraude processual, denunciação caluniosa e tortura. Eles ficaram presos até 2005 e depois foram soltos pela Justiça. No ano 2000, o informante Schmidt foi condenado a 21 anos de prisão por homicídio. Desde março de 2008, ele responde pelo crime em liberdade. Bressan recorreu à pronúncia do juiz em 1.º grau e o Tribunal de Justiça decidiu não mandá-lo a julgamento. Doni não foi acusado pelo homicídio e teve seu processo suspenso.

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