Um soldado da Polícia Militar preso nesta terça-feira (31) durante uma operação do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic) era o responsável por indicar aos integrantes da quadrilha da qual fazia parte os tipos de crimes a serem cometidos e os locais a serem atacados. De acordo com o Deic, além de caixas eletrônicos, os suspeitos também tinham como alvos agências dos Correios e condomínios. Vinte e seis pessoas já foram presas desde o início da operação sete apenas nesta terça.
A chamada Operação Caixa Preta foi iniciada há cerca de dois meses e meio. Entre os presos até agora estão sete policiais militares e um ex-PM (expulso da corporação neste ano por agredir outro policial). Apenas nesta terça, quatro policiais foram presos dois soldados e dois sargentos, com tempo de PM variando entre 9 e 25 anos. "Um dos soldados era o coordenador na área sul de uma parte da quadrilha. Ele orientava a quadrilha sobre o que fazer, onde atacar", afirmou o delegado Nelson Guimarães, diretor do Deic.
Os 26 presos fazem parte de uma quadrilha entre as quatro que são investigadas pelo Deic. De acordo com o delegado, a operação será continuada por isso, não foram dados detalhes sobre quantas pessoas ainda são investigadas ou sobre como é feita a ação criminosa. "Hoje foi o início de verdade da Caixa Preta, essa é a ponta do iceberg", disse o delegado.
O Deic contou com grampos eletrônicos autorizados para efetuar as investigações, mas seu conteúdo não foi divulgado. Cerca de 60 policiais participaram da operação nesta terça. Desde a madrugada, 12 mandados de busca e apreensão foram cumpridos. A Justiça havia expedido seis mandados de prisão todos cumpridos. O sétimo detido foi preso durante o cumprimento de um dos mandados de busca. Armas, celulares, computadores e um carro foram apreendidos.
De acordo com o Deic, os 26 presos estão envolvidos em casos de repercussão na cidade, como o do assalto a um caixa eletrônico em um clube na região do Ibirapuera que resultou em perseguição, troca de tiros com a polícia e a morte de um vendedor de milho e o de um assalto a um banco na Avenida Cupecê no qual três pessoas foram presas.
Outro preso nesta terça é um homem apontado como o líder da quadrilha, responsável por aliciar os policiais militares para as ações criminosas. Segundo o Deic, os suspeitos agem na capital paulista, na Grande São Paulo e na região de Campinas, no interior do estado. Para o delegado Guimarães, os ataques ocorridos nesta madrugada foram realizados pelos mesmos grupos criminosos que são investigados.Divulgação
De acordo com o delegado Guimarães, a polícia tem evitado dar detalhes sobre as investigações para não alertar os suspeitos. No fim de semana, dois suspeitos que retornariam de Manaus a São Paulo já tinham sua prisão decretada e seriam aguardados pela polícia no aeroporto trocaram de voo depois que uma reportagem foi publicada na mídia sobre policiais militares investigados um deles era o soldado preso nesta terça que coordenava parte da quadrilha.
Por isso, o número de policiais militares que são investigados não foi divulgado. Entretanto, nesta manhã a assessoria de imprensa da PM informou que 26 policiais são atualmente investigados pela corporação por suspeita de envolvimento no roubo e furto de caixas eletrônicos.
Cobertura
Segundo o coronel Edson Silvestre, subcorregedor da PM, os policiais militares envolvidos nestas quadrilhas normalmente agem dando cobertura aos criminosos. "Eles não executam esse tipo de delito em regra. Nem todos os furtos a caixas eletrônicos que ocorrem em São Paulo têm participação de PMs. Em alguns casos ficou comprovado o indício de participação deles, o que permitiu a decretação das prisões", afirmou.
Segundo ele, um dos sargentos presos nesta terça já havia sido autuado anteriormente pelo crime de concussão, mas foi absolvido no processo pelo qual passou. A PM vai instaurar um processo administrativo contra os policiais presos, que poderão ser expulsos.
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