Uma abordagem policial na pacata cidade de Munhoz de Melo, no Noroeste do Paraná, terminou com a morte de três pessoas que estavam em um carro, na madrugada da última terça-feira. Os tiros foram disparados pelo policial militar Zeferino Pozzonofe, de 44 anos. Morreram na abordagem o caminhoneiro João Luiz Duarte, 49 anos; o auxiliar de pedreiro Agnaldo Rodrigues, 25 anos; e o autônomo Gilmar José dos Santos, de 32 anos.
Pozzonofe alega ter sido atacado com uma faca por um dos homens. No veículo, segundo a polícia, foram encontrados uma pequena porção de cocaína, cartuchos intactos de calibre 22 e duas facas. Segundo a PM, Santos tinha antecedentes criminais por tráfico de drogas, Rodrigues por roubo e a terceira vítima, não tinha passagem pela polícia.
Mas a história contada pelo PM é questionada por por testemunhas da abordagem. A universitária Evellin (nome fictício) conta que não esquece os gritos que ouviu. Ela assistiu as mortes por uma fresta da janela de sua residência, distante cerca de 100 metros do local onde os três homens foram mortos. "Acordei com gritos do policial; deita no chão, hoje você vai morrer! Alguém gritava, pelo amor de Deus, não me mate, tenho filhos para criar. Mesmo assim, ele atirou três vezes, foi na viatura e voltou a atirar. Foram uns 15 tiros. Eles não atacaram o policial", afirmou.
Segundo um funcionário do Instituto Médico-Legal (IML), de Maringá, para onde os corpos foram encaminhados, as vítimas foram atingidas com tiros na cabeça, nas costas e nas mãos. "Cada corpo tinha em média de quatro a cinco tiros. A maioria atingiu a cabeça", disse. O laudo cadavérico deve ficar pronto em 15 dias. Os corpos foram sepultados em Munhoz de Melo, na tarde de quarta-feira.
Afastado
Durante a ocorrência, Pozzonofe teria sofrido agressões leves e, por isso, foi atendido no Hospital Metropolitano de Sarandi. Um dia depois foi encaminhado para avaliação psicológica no quartel da PM, em Curitiba. Um inquérito policial militar foi aberto para investigar o caso. O policial, que há 16 anos trabalha na corporação, estava na cidade há quatro meses. "Ele tinha um comportamento agressivo e não respeitava ninguém. Por algumas vezes, fez abordagens no bar e quando percebia que o cliente estava embriagado, colocava a arma dentro da boca para humilhar e assustar", contou um comerciante, que preferiu o anonimato.
Revoltada, a família de João Luiz Duarte pretende entrar na Justiça contra o Estado. "Meu irmão não era louco para atacar um policial armado com uma faca. Tinha amigos em todos os lugares aonde chegava. Essa faca deve ter sido plantada no carro dele", disse Maria Jacinta da Silva Dutra, de 46 anos.
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