Graças a informações cedidas pela Polícia Civil do Paraná, por meio do Tático Integrado de Repressão Especial (Tigre), a A Polícia Civil de São Paulo prendeu na última segunda-feira um dos principais seqüestradores do país, líder de um grupo que agia havia dez anos em São Paulo e que começava a estender sua ação ao Paraná. Alexandre Ferreira Viana, 30 anos, foi preso durante as festividades de Natal em Praia Grande, no litoral paulista. Na oportunidade, a polícia paulista prendeu também a mulher de Viana, Regiane Maciel de Souza, 28 anos. O casal tomava cerveja num quiosque.
Viana foi o mentor do seqüestro mais longo do Paraná, de onde uma estilista de 27 anos, filha de um empresário do ramo alimentício, foi levada para São Paulo, onde ficou 50 dias nas mãos do grupo, em quatro diferentes cativeiros. Desde o seqüestro, em 18 de novembro de 2005, o Tigre investigava o grupo. Após o resgate da moça, em 7 de janeiro, quando três integrantes foram presos no cativeiro da Favela Malvinas, agentes do Tigre se infiltraram entre os seqüestradores. Os policiais fizeram oito viagens à capital paulista, com média de uma semana cada, para recolher informações. Participaram da investigação 23 policiais do Tigre.
Além de Viana, agentes do Tigre prenderam anteontem, no bairro de Guaianazes, em São Paulo, Genivaldo Lopes de Oliveira, 30 anos, e sua mulher, Tânia Ferreira Viana (irmã do líder do grupo), 34 anos, responsáveis pelo cativeiro da estilista paranaense. O casal e Regiane foram transferidos para Curitiba, enquanto Viana segue preso em São Paulo ele é suspeito de participar de um seqüestro em andamento no estado vizinho.
O delegado Riad Braga Farhat afirma que a prisão de Viana foi o caso mais difícil de ser solucionado pelo Tigre. Tudo por conta da forma de agir do grupo. Independente nenhum dos seqüestradores têm ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC), bem como com nenhuma outra organização criminosa e com investimentos altos nas ações, os integrantes do grupo só conversavam por telefones públicos e nunca repetiam o telefone de origem da ligação, usando orelhões de várias partes do país. Especialista em seqüestros de pessoas ricas, o grupo recebia, em média, entre R$ 300 mil e R$ 500 mil por ação. "Eles sempre pediam R$ 1 milhão e depois iam negociando", descreve Farhat. Nesse ano, o bando recebeu R$ 300 mil de uma família cujo bebê de 1 ano ficou 80 dias seqüestrado.
Atuação
O grupo fazia apenas seqüestros de longa duração, tanto que a média era de no máximo duas ações por ano. Dois fatores levavam o grupo a agir dessa forma, segundo Farhat. Quanto mais demorada a ação, mais debilitada ficava a família. "Dessa forma, os familiares ficavam desesperados para pagar logo o resgate e ter de volta o parente", explica o delegado. Além disso, mesmo sempre seqüestrando pessoas de alto poder aquisitivo, nem sempre as famílias tinham o dinheiro exigido no momento. "Transferências bancárias desse vulto levam tempo, por isso eles aguardavam", diz Farhat.
Os seqüestradores liderados por Viana também não utilizavam armamento de ponta. "Nenhuma arma foi apreendida com eles e no seqüestro aqui do Paraná eles usaram pistolas simples", enfatiza o delegado do Tigre. Segundo Farhat, o forte do grupo era o trabalho de inteligência. Antes de fazer um seqüestro, os criminosos passavam meses investigando a vítima à procura do melhor momento para agir. Além disso, os reféns eram bem tratados, alimentando-se no cativeiro da mesma forma como seria em suas residências.