O médico Lísias de Araújo Tomé, prefeito de Cascavel, defende que a Medicina confere ao gestor público um sentimento especial: maior valorização do ser humano. Na prática da prefeitura, essa maior valorização significou estabelecer um dízimo para secretários municipais, secretários, prefeito e vice. Todos doam 10% de seus salários para projetos sociais. Na entrevista a seguir, Tomé – que também é presidente da Associação dos Municípios do Oeste do Paraná – fala de seus principais projetos à frente da prefeitura e da integração com Toledo, município vizinho.

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Gazeta do Povo – De que forma sua experiência como médico contribui para o trabalho na prefeitura?Lísias Tomé – Acredito que a formação em Medicina dá um sentimento maior de valorização ao ser humano, que deve ser a base principal da preocupação dos gestores públicos.

Logo no início do governo, o senhor decretou moratória da dívida municipal. As contas já estão em ordem?Na verdade, houve uma interpretação equivocada. Nunca decretamos moratória no sentido de pagar as contas, apenas determinamos que nossos secretários, no primeiro e no segundo mês de mandato, estivessem muito atentos às despesas. Nossas finanças estão equilibradas, apesar de havermos herdado um orçamento superestimado. A previsão feita no ano passado foi de R$ 192,5 milhões na administração direta, quando na verdade não deveremos passar de R$ 175 milhões. Com criatividade, estamos enfrentando esta situação e só a adoção do expediente em turno único, de seis horas corridas, tem nos permitido economizar mais de R$ 400 mil por mês. Além disso, cortamos gratificações e tanto o prefeito como o vice e todos os secretários estão compulsoriamente doando 10% de seus salários para contemplar nossos projetos sociais.

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Dentro da metodologia do Fórum Futuro 10 Paraná, de usar as conquistas como ponto de partida, quais são as vantagens comparativas de Cascavel que podem alavancar o desenvolvimento do município?Cascavel é um município que forjou seu desenvolvimento com a força de trabalho de seus pioneiros. Com pouco mais de 50 anos, se destaca como a capital paranaense do agronegócio, um dos maiores centros de excelência na área médica, pólo prestador de serviços do Oeste e do Sudoeste paranaenses, além de atrair atenções e consumidores dos vizinhos Paraguai e Argentina. Estamos preocupados em ampliar esta gama de atrações, incentivando o crescimento industrial, melhorando a qualidade de vida da população, melhorando nossa infra-estrutura urbana e estabelecendo parcerias com municípios vizinhos. É o caso, por exemplo, da implantação do eixo de desenvolvimento regional em parceria com a cidade de Toledo, visando ocupar de forma ordenada a BR-467, que está sendo duplicada pelo governo do estado.

Como está o andamento do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado e Sustentável assinado entre Cascavel e Toledo?O Plano Diretor de Cascavel está pronto e aprovado. A conferência final aconteceu no primeiro semestre. Em relação à parceria com Toledo, que tem como pilar básico a duplicação da BR-467, trata-se de uma ação que demonstra de forma concreta o fim das rivalidades infantis e improdutivas. Temos mantido seguidos contatos com as autoridades do vizinho município e temos certeza de que será possível um grande avanço até o término dos atuais mandatos.

E o projeto de aeroporto regional, em que pé está?Depois de ter ficado um certo período no ostracismo, até mesmo por inércia das autoridades, esta é uma luta que está sendo retomada e pode desaguar na instalação da Base Aérea de Cascavel. Já tivemos uma sinalização positiva neste sentido, por parte do vice-presidente da República, José Alencar.

Depois de analisar as conquistas, em sua opinião, quais são as carências que dificultam o desenvolvimento do município? Como presidente da Associação dos Municípios do Oeste do Paraná (Amop), estou buscando estabelecer condições apropriadas para o desenvolvimento regional, até porque os problemas são comuns a todos os municípios. Temos investido firme em setores como os de saúde pública, educação, ação social e esportes. Além disso, precisamos investir sempre e mais na formação de mão-de-obra especializada. O objetivo é melhorar a qualidade de vida da população.

Dentro desse objetivo, que programas o senhor destaca em sua gestão?Todos os 32 postos de saúde, por exemplo, que na administração anterior funcionavam oito horas por dia e fechavam no horário do almoço, passaram a atender 12 horas, das 7h às 19 horas. Já no primeiro mês, quatro dessas unidades passaram a atender até as 22 horas. Não faltam mais remédios nos postos de saúde e nem nas farmácias básicas, contratamos 74 novos médicos. Criamos a Secretaria Municipal de Segurança Pública, estamos coordenando a força-tarefa que tem impedido a venda de bebidas alcoólicas a menores, com ênfase para as lojas de conveniência nos postos de combustíveis. Nossos 500 vigias estão sendo treinados e motivados e, no próximo ano, faremos o primeiro concurso para a guarda municipal.

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O senhor afirmou que um de seus objetivos como prefeito é chegar cada vez mais próximo dos pequenos e médios produtores rurais. Como isso está sendo feito?Implantamos a Secretaria do Interior, que trabalha no sentido de assegurar ao produtor rural a infra-estrutura necessária ao desenvolvimento de suas atividades. A Secretaria Municipal de Agricultura cuida de repassar novas tecnologias, novos conhecimentos. Asseguramos o transporte escolar e investimos na formação da família rural, para que esta possa aumentar sua renda e se manter no campo.