A faculdade

O Studium tem 110 alunos de cerca de 20 congre­gações e dioceses.

Currículo

- Sagrada Escritura (História de Israel, Pentateuco, Evangelhos, etc.); Teologia Fundamental e Sistemá­tica (Cristologia, Mariologia, sacra­mentos, ecumenismo, etc.); Moral (Fundamental, Social, Sexual e Familiar); Liturgia; Direito Canônico; História da Igreja; Pastoral (cate­quese, aconselhamento, plane­jamento); Cursos Especiais (So­ciologia da Religião, Psicologia Religiosa, Comunicação, Grego Bíblico, Hebraico)

Egressos

- Sete professores do Studium se tornaram bispos e nada menos do que 15 acadêmicos da casa chegaram ao episcopado, sendo um deles o cardeal-arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, que celebrou ontem a missa de bodas de diamante da instituição.

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Adriano Zaranski, 26 anos, figura entre os 110 alunos da safra 2009 do Studium. Ele é um retrato da nova geração: está antenado com os atuais grandes temas da Teologia – como a bioética e a secularização – e sente uma pontinha de saudades dos tempos em que os seminaristas passaram a trocar a novena por um comício.

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"Gostaria que a faculdade fosse agitada como antigamente, é claro. Mas acho que amadurecemos. Temos novas discussões, como as ligadas à moral", admite o jovem vinculado à diocese de São José dos Pinhais e que desenvolve trabalho pastoral numa rádio da Lapa. Ele se afina à turma dos sacerdotes bons de mídia. "Mas tem quem discorde dessa ala", diverte-se, dando a entender que da porta da faculdade para dentro, como dantes, ninguém diz amém.

Professores do Studium afirmam que o compromisso da Igreja com os pobres continua levando muitos a adotar chinelas à franciscana. Mas a era dos padres de passeata parece descansar em alguma crônica de Nelson Rodrigues. A Teologia da Li­­ber­­tação saiu da adolescência. E os estudantes – muitos usando seus clergymen, sem medo da patrulha ideológica – andam em tranças com questões mais difíceis do que a mais-valia ou a decisão de morar ou não na favela. Além da bioética, é preciso estudar a cruzada evangélica e equacionar a rigidez católica aos desafios da moral sexual e matrimonial.

"O saldo é positivo. Em outros tempos, em vez de adotar a Teologia da Libertação, o Studium refletiu sobre ela. E assim deve continuar frente às atuais discussões", pondera o padre Marcos Loro, 44 anos, que divide a direção do Studium com o biblista Jaime Sánchez. O bispo emérito de Curitiba, dom Pedro Fedalto, 83 anos e presença constante na casa nos tempos de episcopado, abençoa a tese. "Houve tentativas de criar outra faculdade. Mas a postura crítica dos claretianos me parecia garantia de uma boa formação para o clero", afirma.

Recém-aposentado do Studium, o frei dominicano Eduar­­do Quirino de Oliveira, 74 anos, professor de História de Israel, enxerga a formação dos padres em perspectiva. Que não se esperem palavras mansas. Brilhante, irônico e sem paciência com quem en­tendeu engajamento como aban­­dono dos livros, frei Eduardo faz um balanço algo melancólico dos seminários católicos. "Ainda carregamos o peso da expulsão dos jesuítas pelo Marquês de Pombal, no século 18", argumenta, para falar da fragilidade do pensamento teológico no Brasil. E as novas levas de padres trazem uma formação básica ainda pior. "O secularismo invadiu. Estamos perdendo o horizonte sobrenatural do cristianismo e a cultura filosófica do clero é cada vez mais baixa", lamenta.

Então, a "turma da libertação" era mais preparada do que "a turma da mídia"? Frei Eduardo permanece em forma: "Era. Mas a Teologia da Libertação avacalhou demais. Era chinelo de dedo e periferia. Virou uma fórmula, tirando da rota do estudo", alfineta. A aula ainda não acabou.

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