Aids não reduziu crescimento
Uma mensagem no novo relatório é que a epidemia de aids, por mais devastadora, não tem sido o desastre demográfico que se previa. Estimativas de incidência e projeções para o vírus realizadas para a África, na década de 1990, acabaram se mostrando altas demais. Além disso, em muitas populações, o tratamento com novos medicamentos reduziu a taxa de mortalidade pela doença.
A população mundial vai crescer muito mais do que o esperado, segundo projeção recente da Organização das Nações Unidas (ONU). Ao invés da estabilização em 9 bilhões de pessoas até a metade deste século, a população mundial deve atingir 10,1 bilhões até o ano 2100. Para o Brasil, a projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística segue valendo: em 2050 nossa população chegará a 260 milhões um crescimento vegetativo de 0,24%, apenas um décimo do registrado desde 1950, que foi de 2,40%.
O que vem desequilibrando a balança demográfica no novo relatório da ONU é principalmente o crescimento da África, que segue tão alto que a população local pode mais do que triplicar neste século, do atual 1 bilhão para até 3,6 bilhões um cenário preocupante para um continente que sofre com suprimentos de água e alimentos.
O novo relatório chega logo antes de um marco demográfico, com a população mundial possivelmente ultrapassando os 7 bilhões de pessoas em fins de outubro apenas 12 anos após superar os 6 bilhões. Demógrafos viram as novas projeções como o lembrete de que um problema que ajudou a definir a política global no século 20, a explosão populacional, está longe de ser resolvido no século 21.
As projeções foram feitas pela divisão de população da ONU, que tem um registro com previsões bastante precisas. No novo relatório, a divisão levantou suas previsões para 2050, estimando que o mundo teria então 9,3 bilhões de pessoas, um crescimento de 156 milhões sobre a estimativa anterior, publicada em 2008.
Entre os fatores responsáveis pelas revisões ascendentes está a fertilidade, que não está caindo no ritmo esperado em alguns países pobres e mostrou um ligeiro aumento em alguns países ricos, incluindo Estados Unidos, Dinamarca e Inglaterra. Os EUA estão crescendo mais rápido do que muitos países ricos, devido principalmente à alta imigração e à maior fertilidade entre imigrantes hispânicos. O novo relatório prevê que a população dos EUA, até 2100, deve passar dos atuais 311 milhões para 478 milhões. No Brasil, dados do Censo 2010, realizado pelo IBGE, revelam que também houve uma reversão inédita da tendência para baixo da taxa de fecundidade das brasileiras em relação à série iniciada em 2001: se em 2008 a média de filhos por mulher chegava a 1,89, em 2009 a taxa cresceu, chegando a 1,94 filho por mulher.
A diretora da divisão populacional da ONU, Hania Zlotnik, disse que os países de maior crescimento, junto às nações ocidentais mais ricas que ajudam a financiar seu desenvolvimento, enfrentam uma escolha quanto a renovar sua ênfase em programas que estimulam o planejamento familiar, estagnados em muitos países, presos nas batalhas ideológicas sobre aborto, educação sexual e o papel da mulher na sociedade.
Zlotnik afirma que os números revisados se baseiam em novos métodos de previsão e nas tendências demográficas mais atualizadas. Mesmo assim, advertiu que qualquer previsão olhando para 90 anos no futuro traz muitas ressalvas.
Isso é especialmente verdade para alguns países em rápido crescimento, cujas populações tiveram um enorme crescimento projetado para o próximo século. O Iêmen, por exemplo; o país viu sua população quintuplicar desde 1950, chegando a 25 milhões, e ver seus números novamente quadruplicarem até o final do século, atingindo 100 milhões de pessoas caso as previsões se mostrem corretas. O Iêmen já depende de importações de alimentos e luta com uma séria escassez de água.
Na Nigéria, o país mais populoso da África, o relatório prevê um aumento de 162 milhões para 730 milhões de pessoas até 2100. O Malaui, país atualmente com 15 milhões, passaria a ter 129 milhões de habitantes.
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