Curitiba é a capital brasileira cuja população apresenta o menor índice de vulnerabilidade no país, segundo um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que comparou capitais, regiões metropolitanas e estados brasileiros. De 2003 para 2009, a capital paranaense saltou de 18 para 14,9, registrando queda de 17% no índice que aponta as carências e fatores que dificultam o crescimento da qualidade de vida da população do país. O desempenho verificado na capital foi melhor do que o registrado no Paraná ( queda de 16,1%) e no Brasil (14,3%).
O estudo intitulado Vulnerabilidade das Famílias entre 2003 e 2009, divulgado ontem pelo Ipea, analisa a qualidade de vida das famílias ou, no outro extremo, os níveis de vulnerabilidade a que elas estão sujeitas. Para fazer o índice o estudo leva em consideração 48 critérios de seis dimensões que influenciam diretamente a qualidade de vida ou a vulnerabilidade das famílias: vulnerabilidade social, acesso ao trabalho, acesso ao conhecimento, escassez de recursos, desenvolvimento infanto-juvenil e condições habitacionais.
Entre as nove capitais metropolitanas analisadas pelo Ipea, Curitiba, Belo Horizonte e Porto Alegre se destacaram pela queda do índice ao longo desses seis anos, fato que aponta para a melhoria das condições de vida de suas populações. No entanto, Curitiba também integra juntamente com Belo Horizonte e Fortaleza , o grupo das capitais que apresentam maior disparidade no índice em relação as suas periferias. A Região Metropolitana de Curitiba apresentou redução de 14,3% no índice de vulnerabilidade, passando de 23,9 para 20,4.
Diferença
A diferença entre o índice de vulnerabilidade de Curitiba e da RMC mostra que as cidades periféricas não conseguem acompanhar o ritmo de desenvolvimento da capital, explica Jucimeri Silveira, professora de Serviço Social da PUCPR. "Curitiba é um polo regional que atrai pessoas para as cidades ao seu entorno. Porém, sem estrutura física e social para comportar o crescimento populacional, a RMC sofre os efeitos do crescimento desordenado, do desemprego e da concentração da pobreza, ficando mais sujeita às condições de vulnerabilidade", diz.
Para Julio Suzuki, diretor de pesquisas do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), em um contexto de crescimento econômico onde todas as capitais apresentaram queda do índice de vulnerabilidade, Curitiba se destaca por dois fatores: a ausência de população no meio rural onde a pobreza está mais concentrada e o combate a vulnerabilidade é mais difícil e a condição orçamentária favorável, que possibilita a execução de políticas públicas que beneficiam a população.
Segundo o estudo do Ipea, é possível observar um contraste em relação ao ambiente urbano e rural em todo o país com relação à queda nos índices de cada dimensão analisada. Enquanto no meio rural, a vulnerabilidade social, o desenvolvimento infantojuvenil e condições habitacionais apresentaram as maiores reduções nos índices, as áreas urbanas se destacaram pela redução dos índices que apontam o acesso ao conhecimento, ao trabalho e escassez de recursos.