Protesto: Estudantes pedem mais policiamento na cidade de Bandeirantes, no Norte do estado| Foto: Diógenes Gonçalves/Gazeta do Povo

População protesta contra a violência na cidade de Bandeirates

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Cerca de dois mil estudantes saíram nesta segunda-feira (1°) às ruas de Bandeirantes, Norte do estado, para protestar contra a onda de violência e a precariedade no atendimento dos organismos policiais da cidade. De acordo com a polícia, somente este ano já foram registrados quatro casos de estupro e vários assaltos, a maioria à mão armada.

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A maioria das vítimas são estudantes, que vivem em repúblicas e que freqüentam os sete cursos de graduação das duas faculdades instaladas na cidade. Bandeirantes tem cinco mil estudantes universitários.

O último caso aconteceu na madrugada de sexta-feira (29), quando uma estudante de enfermagem, de 18 anos, foi estuprada em uma república no centro da cidade, onde morava com outras três colegas. O suspeito, um jovem de 21 anos, foi preso horas depois do crime e reconhecido pela vítima. Ele já havia sido detido acusado de cometer um outro estupro em abril, mas de acordo com o delegado Alessandro Barreto, ele foi liberado porque a vítima não quis registrar queixa.

Protesto

A passeata começou na frente do campus da Universidade Estadual do Norte do Paraná (Uenp) e seguiu em direção ao centro da cidade. Com cartazes, faixas e gritando palavras de ordem, a manifestação dos estudantes foi ganhando a adesão de quem estava nas ruas e do comércio, que fechou as portas das lojas em apoio ao protesto.

Acompanhada por poucos policiais, a passeata quase se transformou em confronto. Até o prefeito da cidade, José Fernandes da Silva (PT) que tentou acompanhar a carreata quase foi agredido pelos manifestantes, que culpam além da PM e a Polícia Civil, a prefeitura, por não exigir o reforço de policiais e de viaturas na cidade.

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A falta de policiais nas ruas pôde ser notada na própria passeata. Os poucos homens da PM que acompanhavam a manifestação nada puderam fazer quando os líderes do movimento decidiram se dirigir até a Delegacia de Polícia Civil, onde o acusado de violentar a universitária permanece preso. Apesar dos protestos, não houve ameaça de invasão.

A insatisfação é nítida na cidade. Para o dono de um lava-rápido, Frideberto Brandão, a polícia tem agido com lentidão e com absoluta falta de vontade. "Minha filha de apenas 11 anos foi atropelada e o delegado disse para o escrivão que não deveria fazer boletim para lavador de carro", lembra. "E olha que ela foi atropelada na porta da escola", continua. "Está uma vergonha", desabafa.

A estudante do curso de Biologia, Mariana Grotti, 21, viveu na pele a falta de segurança na cidade. Vítima de roubo, ela chamou a polícia, mas o que ouviu dos policiais foram brincadeiras e deboches. "Liguei para a polícia, dizendo que tinha reconhecido os autores do crime e eles tiraram sarro de mim", diz. A estudante conta que os PMs não deram importância ao caso. "O policial disse que se eu tive tempo de gravar o rosto dos agressores, o problema não tinha sido tão grave assim", revela. "Quando perguntei o número da farda dele, me respondeu dando a medida das roupas que ele usava", conta.

De acordo com o 18º Batalhão de Polícia Militar, com sede em Cornélio Procópio, hoje 24 policiais estão destacados em Bandeirantes. Porém, um PM que não quis se identificar disse que o destacamento na cidade conta com apenas 10 policiais e três viaturas. "Nós temos dificuldades até para tirar folga", afirma.

O comando do 18º Batalhão disse que aguarda a contratação de 10 homens para aumentar o efetivo policial na cidade.

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