Brasília O quórum baixo salvou o mandato do deputado Wanderval dos Santos (PL-SP), que se tornou assim o sexto envolvido no escândalo do "mensalão" a ser absolvido. Em uma situação inédita na crise, mais deputados votaram pela cassação do que contra, mas aquém do mínimo necessário de 257 votos (maioria absoluta).
No fim, faltaram 15 votos: foram 242 pela perda de mandato e 179 contra. Houve 20 abstenções e 3 em branco. Não compareceram à sessão 68 deputados destes, 12 chegaram a marcar presença na portaria da Câmara, mas não votaram no plenário.
O desinteresse de vários parlamentares durante toda a sessão contribuiu para a absolvição. Apenas 12 parlamentares ouviram o discurso do relator, Chico Alencar (PSOL-RJ). Votaram apenas 444 deputados, 40 a menos do que é considerado uma margem segura. Como comparação, na cassação de José Dirceu (PT-SP), em novembro do ano passado, estiveram presentes 495 parlamentares.
A principal acusação contra Wanderval, formulada pelo relator do processo, Chico Alencar, foi a de ele ter "terceirizado" seu mandato para a Igreja Universal do Reino de Deus, do qual era bispo até o início do escândalo. No decorrer das investigações, o deputado acabou tendo de sair da igreja.
Investigação da CPI dos Correios comprovou o saque de R$ 150 mil do valerioduto. Um de seus assessores, Célio Marques Siqueira, retirou a quantia de uma conta no Banco Rural por autorização escrita de Simone Vasconcelos, diretora financeira da SMPB, agência do publicitário Marcos Valério de Souza. Primeiro, Wanderval negou o saque. Depois, o atribuiu a Siqueira, que agiria a mando do ex-deputado Carlos Rodrigues (PL-RJ).
Rodrigues, outro ex-bispo da Universal, renunciou no ano passado. Ele era o coordenador político da igreja e tinha ascendência sobre os demais parlamentares.
Chorando em vários momentos de seu discurso, Wanderval negou que seu mandato se subordinasse ao de Rodrigues ou seguisse as orientações da Universal. Disse que sofria perseguição em razão de seus "postulados de fé" e, numa manobra que surpreendeu alguns deputados, jogou toda a responsabilidade sobre Rodrigues, seu ex-aliado político.
Mais um parlamentar, o petista João Magno (MG), seria julgado pelo plenário na noite de ontem. Até o fechamento desta edição o processo ainda não havia sido votado.