Um novo ator do sistema de transporte urbano de Curitiba entrou em cena na última semana e fez com que a atenção de muitos estivesse voltada ao Azulão o veículo biarticulado que ganhou o título de "maior ônibus do mundo". O impacto estético do ligeirão, que causa no passageiro a sensação de estar no interior de metrôs ou trens urbanos modernos e espaçosos, tem sido aprovado. Entretanto, o novo veículo não tem diminuído o tempo das viagens. A Gazeta do Povo embarcou no Azulão e em outras linhas para acompanhar como os usuários avaliam a novidade e a integração da rede.
Além da cor forte, que surge entre o vermelho, o amarelo e o cinza já comuns no trânsito curitibano, o tamanho do ônibus impressiona. São 28 metros de comprimento que comportam 250 passageiros. A implantação do Azulão na rede de transporte tem o propósito, segundo a Urbanização de Curitiba S/A (Urbs), de desafogar o movimento nas linhas regulares dos biarticulados. Uma forma de minimizar a preocupação com o esgotamento do sistema, perceptível a quem depende dos ônibus para se locomover.
Em Curitiba, onde os ônibus se tornaram um símbolo internacionalmente reconhecido, a qualidade do transporte público se torna uma questão de honra. Na capital paranaense, os ônibus deixaram de estar ligados apenas à infraestrutura e passaram a fazer parte da cultura local. E, quanto mais isso se evidencia, mais intensa é a expectativa e a cobrança dos habitantes por melhoras. Ao todo, a cidade tem 2,3 milhões de pessoas que usam diariamente 2 mil ônibus em 350 linhas diferentes, que percorrem 500 mil quilômetros.
Percepção
O aposentado Jair Martini, 68 anos, que se descreve como um apaixonado por ônibus, se dispôs a ir do Bacacheri ao Boqueirão apenas para experimentar o novo ônibus. Para ele, a mudança em relação aos veículos anteriores foi "da água para o vinho". "É transporte de primeiro mundo. Além da rapidez da viagem, o tamanho dá um conforto maior", avalia (acompanhe outras experiências nos ônibus de Curitiba nesta página).
De certa maneira, a iluminação e a limpeza dos novos veículos dão a impressão de se estar usando o transporte público de países modernos e desenvolvidos. Além disso, o motor menos ruidoso e o sensor que abre automaticamente os semáforos proporcionam uma sensação de alta velocidade semelhante à de metrôs.
O tempo da viagem 20 minutos entre o Centro e o Boqueirão é semelhante ao do Ligeirão antecessor, articulado e vermelho. Ambos economizam tempo ao fazer menos paradas (quatro, contra 19 dos biarticulados convencionais). Entretanto, usuários habituais da linha não detectaram ganho de mobilidade. Por enquanto, a cidade conta com 10 azulões na linha Ligeirão Boqueirão. Segundo a prefeitura, o próximo trajeto a ser trafegado por veículos do mesmo modelo é a linha PinheirinhoCarlos Gomes, que passa pela Linha Verde e já está em testes.
Interatividade
Você já usou o Azulão? Qual a sua avaliação sobre o novo ônibus? O que poderia ser melhorado para aumentar a eficiência de toda a rede de transporte de Curitiba?
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