Mapeamento
"Migração" de criminosos explica incidência maior
Os crimes em agências bancárias e caixas eletrônicos do Paraná são praticados, na maioria dos casos, por pessoas de São Paulo e Santa Catarina. Foi o que mostrou o levantamento mostrado pela Polícia Civil. Os catarinenses preferem usar maçarico. Já o pessoal que vem de São Paulo traz explosivos. No momento, o setor de inteligência da Polícia Civil organiza um banco de dados com o histórico dos criminosos 90% foram apanhados em alguma ação ilícita anteriormente e a faixa etária prevalecente é de 20 a 22 anos.
Segundo dados da Polícia Civil, não são criminosos comuns. São estratégicos, que estudam a movimentação nas agências e têm informações privilegiadas sobre os dispositivos de segurança. Só arrombam quando têm certeza de que o caixa eletrônico está abastecido. Vão antes para a cidade e analisam todos os riscos. Um preso chegou a confessar que a quadrilha percebeu que outro bando também estava no município e desistiu de agir. Ao monitorar uma quadrilha, os policiais conseguiram evitar uma ação criminosa planejada para Jaguapitã, no Norte do Paraná. Fizeram um cerco e prenderam os arrombadores antes que chegassem à cidade.
A investigação mostra que pessoas que estavam acostumadas a roubar veículos, por exemplo, estão migrando para o arrombamento de caixas porque a pena, em caso de prisão, é a mesma (de 2 a 8 anos). As instituições bancárias também estariam falhando, ao não investirem em dispositivos de segurança mais eficazes, como câmeras com qualidade de imagem que permitam identificar os criminosos.
Posto da UFPR vai pelo ares
Ontem, quando o dia já estava amanhecendo, quatro pessoas chegaram ao Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), no bairro Jardim das Américas, para "buscar" o dinheiro que estava em dois caixas eletrônicos do Banco do Brasil. Para fazer o "saque", usaram explosivos, amedrontando os funcionários. Segundo informações da Polícia Militar (PM), os criminosos estavam fortemente armados e renderam os seguranças. Os carros usados no crime foram abandonados no bairro Capão da Imbuia. O Esquadrão Antibombas foi chamado para retirar uma dinamite que não estourou. A Polícia Federal foi acionada para acompanhar as investigações, já que a ocorrência foi em uma área da União. As aulas não foram afetadas.
Paraguai
Boa parte dos explosivos usados nos arrombamentos é trazida do Paraguai, junto com armamentos. Foi o que identificou o setor de inteligência da Polícia Civil. Assaltos a pedreiras ou compradores autorizados que desviam dinamite também são fontes usadas pelos criminosos.
Você tem a sensação de que todo dia ouve falar de arrombamento a caixa eletrônico? Saiba que não é só uma impressão. Em 2014, ocorreram 474 crimes em agências bancárias e postos de saques rápidos no Paraná na média, dois por dia. A prática criminosa também está cada vez mais espalhada pelo estado: metade das cidades registrou algum tipo de ocorrência em instituição bancária neste ano. Muitos municípios paranaenses com menos de 50 mil habitantes, pacatos e sem histórico de grandes movimentações policiais, viram o sossego ir pelos ares junto com a estrutura do caixa eletrônico. Contudo, Curitiba ainda é o foco preferencial, concentrando 22,5% dos casos do estado.
INFOGRÁFICO: Metade das cidades do PR foi alvo de ação criminosa em bancos
Até furadeiras têm sido utilizadas para danificar os caixas e chegar ao dinheiro armazenado, mas a dinamite ainda é o recurso mais usado pelos criminosos: foram 130 casos em 2014. O perfil da atividade criminosa muda muito de acordo com a região do estado. Enquanto em Curitiba e vizinhanças predomina o uso de maçarico e os ataques ao banco Santander, no interior o mais comum é usar explosivos para tentar arrombar caixas do Banco do Brasil instituição financeira com presença em mais localidades no Paraná.
Alguns locais foram "visitados" mais do que uma vez. Contudo, os crimes contra bancos estão se esparramando. No Paraná existem 1,6 mil agências bancárias e 3,3 mil caixas eletrônicos, e um em cada dez postos bancários já foi alvo de, ao menos, uma tentativa de roubo ou furto. Não são poucos os relatos de comerciantes que mandaram retirar os caixas depois de passarem por sustos ou sentirem prejuízos. Os crimes envolvendo caixas eletrônicos e agências bancárias se avolumaram nos últimos dois anos. Estão em ritmo de escalada. Em 2012 o número de casos foi equivalente a três meses de 2014.
Os arrombamentos estavam aumentando a cada mês com uma média de 65 casos por mês, mas estão em queda desde julho. Parte da explicação pode estar relacionada à prisão, em junho, de quadrilhas com forte atuação no Norte do estado. Ao total, 109 pessoas já foram detidas pelo polícia em ações de combate a crimes em agências bancárias e caixas eletrônicos.
Uma força-tarefa foi composta pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), em agosto do ano passado, para tentar enfrentar a expansão da modalidade criminosa. O trabalho está dividido em duas frentes. O Centro de Operação Policiais Especiais (Cope) ficou responsável por investigar os casos de Curitiba e região metropolitana. Já as situações no interior estão concentradas na Delegacia de Apucarana.
Ao traçar um padrão que se repete nas ocorrências, a Polícia Civil identificou que 77% dos crimes são praticados entre os dias 25 e 10 de cada mês período que coincide com pagamento de salários e da maioria das contas que a metade das ações "explodem" durante a madrugada, das 3 às 5 horas, quando a movimentação nas ruas é menor.
Federação dos bancos garante que gasto com segurança subiu
Nenhum representante da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) concedeu entrevistas sobre o aumento de casos no Paraná, mas a assessoria de imprensa enviou um texto à Gazeta do Povo afirmando como está lidando com o crescimento dos arrombamentos em caixas eletrônicos. A entidade declara que os investimentos dos bancos em segurança física no Brasil subiram de R$ 3 bilhões ao ano em 2003 para R$ 9 bilhões em 2013.
No entendimento da Febraban, a combinação de prevenção e proteção foi responsável por reduzir em 56% na década os casos de assaltos a agências bancárias. Boa parte da queda no crime praticado com violência, a mão armada, deve-se à instalação de portas giratórias com detectores de metais.
A Febraban garante estão sendo adotadas outras medidas, como reduzir o limite de saque em determinados horários, visando desestimular o uso dos caixas em horário de risco. "A Febraban ressalta que seus bancos associados vêm acompanhando os ataques a caixas eletrônicos em todo o Brasil com extrema preocupação", diz o texto.
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