Você tem a sensação de que todo dia ouve falar de arrombamento a caixa eletrônico? Saiba que não é só uma impressão. Em 2014, ocorreram 474 crimes em agências bancárias e postos de saques rápidos no Paraná na média, dois por dia. A prática criminosa também está cada vez mais espalhada pelo estado: metade das cidades registrou algum tipo de ocorrência em instituição bancária neste ano. Muitos municípios paranaenses com menos de 50 mil habitantes, pacatos e sem histórico de grandes movimentações policiais, viram o sossego ir pelos ares junto com a estrutura do caixa eletrônico. Contudo, Curitiba ainda é o foco preferencial, concentrando 22,5% dos casos do estado.
Até furadeiras têm sido utilizadas para danificar os caixas e chegar ao dinheiro armazenado, mas a dinamite ainda é o recurso mais usado pelos criminosos: foram 130 casos em 2014. O perfil da atividade criminosa muda muito de acordo com a região do estado. Enquanto em Curitiba e vizinhanças predomina o uso de maçarico e os ataques ao banco Santander, no interior o mais comum é usar explosivos para tentar arrombar caixas do Banco do Brasil instituição financeira com presença em mais localidades no Paraná.
Alguns locais foram "visitados" mais do que uma vez. Contudo, os crimes contra bancos estão se esparramando. No Paraná existem 1,6 mil agências bancárias e 3,3 mil caixas eletrônicos, e um em cada dez postos bancários já foi alvo de, ao menos, uma tentativa de roubo ou furto. Não são poucos os relatos de comerciantes que mandaram retirar os caixas depois de passarem por sustos ou sentirem prejuízos. Os crimes envolvendo caixas eletrônicos e agências bancárias se avolumaram nos últimos dois anos. Estão em ritmo de escalada. Em 2012 o número de casos foi equivalente a três meses de 2014.
Os arrombamentos estavam aumentando a cada mês com uma média de 65 casos por mês, mas estão em queda desde julho. Parte da explicação pode estar relacionada à prisão, em junho, de quadrilhas com forte atuação no Norte do estado. Ao total, 109 pessoas já foram detidas pelo polícia em ações de combate a crimes em agências bancárias e caixas eletrônicos.
Uma força-tarefa foi composta pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), em agosto do ano passado, para tentar enfrentar a expansão da modalidade criminosa. O trabalho está dividido em duas frentes. O Centro de Operação Policiais Especiais (Cope) ficou responsável por investigar os casos de Curitiba e região metropolitana. Já as situações no interior estão concentradas na Delegacia de Apucarana.
Ao traçar um padrão que se repete nas ocorrências, a Polícia Civil identificou que 77% dos crimes são praticados entre os dias 25 e 10 de cada mês período que coincide com pagamento de salários e da maioria das contas que a metade das ações "explodem" durante a madrugada, das 3 às 5 horas, quando a movimentação nas ruas é menor.
Federação dos bancos garante que gasto com segurança subiu
Nenhum representante da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) concedeu entrevistas sobre o aumento de casos no Paraná, mas a assessoria de imprensa enviou um texto à Gazeta do Povo afirmando como está lidando com o crescimento dos arrombamentos em caixas eletrônicos. A entidade declara que os investimentos dos bancos em segurança física no Brasil subiram de R$ 3 bilhões ao ano em 2003 para R$ 9 bilhões em 2013.
No entendimento da Febraban, a combinação de prevenção e proteção foi responsável por reduzir em 56% na década os casos de assaltos a agências bancárias. Boa parte da queda no crime praticado com violência, a mão armada, deve-se à instalação de portas giratórias com detectores de metais.
A Febraban garante estão sendo adotadas outras medidas, como reduzir o limite de saque em determinados horários, visando desestimular o uso dos caixas em horário de risco. "A Febraban ressalta que seus bancos associados vêm acompanhando os ataques a caixas eletrônicos em todo o Brasil com extrema preocupação", diz o texto.