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Segurança

Por dia, Patrulha Escolar recebe 17 queixas em Curitiba e região

Situações vividas no ambiente escolar têm ultrapassado o limite da indisciplina e se transformado em caso de polícia. Nos últimos dois anos letivos, a Patrulha Escolar Comunitária (PEC), da Polícia Militar, foi chamada em média 17,3 vezes por dia para atuar em escolas de Curitiba e região metropolitana. No ranking dos atendimentos, os casos de ameaça verbal e física ocupam o topo – só em 2005 representaram 21% do total das 3.301 ocorrências registradas. "A ameaça é geral. Ocorre tanto entre alunos como entre alunos e professores", explica o coordenador da PEC de Curitiba, tenente Cláudio Azevedo Prus. Os outros registros se referem a furto, violação de domicílio, dano, lesão corporal, rixas, roubos e desacato (veja quadro).

As estatísticas da patrulha demonstram que casos como o ocorrido na Escola Municipal Prefeito Omar Sabbag, no bairro Cajuru, na sexta-feira da semana passada, não são fatos isolados. Com 2,7 mil alunos, o colégio foi palco de uma briga entre gangues. Janelas foram apedrejadas e na segunda-feira passada as aulas só foram retomadas com reforço policial.

Batalha campal

No mesmo dia da confusão no Omar Sabbag, mas no lado oposto da capital (região oeste), um colégio estadual, que a pedido do diretor não será identificado, também foi vítima da violência.

Alunos pertencentes a duas gangues decidiram levar a rivalidade para dentro dos muros da escola. Durante o intervalo do turno da tarde, com 450 alunos de 5.ª a 8.ª séries, cerca de 100 estudantes se envolveram em quatro brigas consecutivas que duraram poucos minutos. "A confusão começou no pátio da escola e foi crescendo", diz o diretor. A escola acionou a polícia, que só chegou 30 minutos depois de acabado o conflito.

Até lá, os próprios professores, funcionários e o diretor da escola precisaram apartar a briga em meio ao tumulto e clima de pânico instaurado. "Alunos corriam, gritavam e se agrediam. Um pulou o muro dizendo que ia pegar uma arma e outro saiu dizendo que ia buscar reforço da gangue e que ia ter pancadaria e morte na saída", conta uma das pedagogas da escola, de 41 anos, que atua há 21 anos na rede pública de ensino.

A violência no interior de escolas já chegou a atingir uma família inteira. Há dois anos, a funcionária administrativa S.B., de 35 anos, trabalhava na secretaria de um colégio estadual, na região sul de Curitiba, em meio a duas áreas de ocupação irregular onde atuavam diferentes gangues e o tráfico de drogas. Um dos alunos, integrante de uma gangue, ameaçou de morte todas as funcionárias que trabalhavam no colégio. "No começo, não ligamos muito. Até quando eu recebi um telefonema e ele ameaçou o meu filho", conta.

O filho de S.B., na época, tinha 13 anos e estudava no mesmo colégio onde ela trabalhava. "Pedi a transferência dele para uma escola próxima à casa de minha mãe. Não podíamos nos arriscar", afirma. A situação de violência naquela escola, segundo relata a funcionária, só foi controlada com a presença de um policial militar durante seis meses. "Tivemos 16 mortes no bairro naquele período. Tínhamos inclusive toque de recolher, comandado pelos líderes das gangues", diz. Atualmente, S.B. está licenciada da escola e a direção do colégio não quis comentar como está a situação atual no local.

Para o professor de Educação Física Rubens Aftorfi Júnior, 38 anos, que trabalha há 16 na rede pública, a ameaça foi silenciosa e ocorreu numa escola municipal de Araucária, na região metropolitana. O bairro onde o colégio estava localizado tem altos índices de violência e lidava com freqüentes ameaças. "Um aluno violento costumava atrapalhar as aulas, mas eu o enfrentei", lembra. No dia seguinte, o mesmo rapaz veio armado para a escola e escondido atrás de um poste tentou atirar no professor. Mas antes que fizesse isso, foi desarmado por um funcionário.

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