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Na falta de quantidade suficiente de inseticida para veículos,  a opção é usar pulverizador costal. | Paula Johas/PCRJ
Na falta de quantidade suficiente de inseticida para veículos, a opção é usar pulverizador costal.| Foto: Paula Johas/PCRJ

O governo do Paraná tem enfrentado dificuldade para obter, junto ao governo federal, o inseticida utilizado para a aplicação do fumacê, uma das técnicas de combate à infestação do mosquito Aedes aegypti. As solicitações feitas pelo Centro Estadual de Vigilância Ambiental do Paraná não tem sido completamente atendidas desde dezembro. Foram solicitados 10 mil litros do inseticida no último mês do ano e 8 mil foram entregues em fevereiro. No início deste mês, o estado havia solicitado 16 mil litros do produto, mas recebeu apenas 4 mil litros.

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Por falta do inseticida, 17 veículos fumacê deixaram de ser usados e muitos municípios tiveram os pedidos negados. Foz do Iguaçu, por exemplo, conta com cinco veículos e solicitou outros 12, dos quais apenas cinco foram liberados. A cidade é uma das 16 do Paraná em situação epidêmica de dengue, de acordo com o último boletim.

Infestação

A circulação viral, a curva de crescimento do número de casos e o índice de infestação levam à recomendação do uso de fumacê. O índice é considerado alto quando são encontrados criadouros do mosquito em 4 de cada 100 imóveis monitorados. Cada veículo fumacê opera com 40 litros por dia – equivalente a 80 quarteirões.

De acordo com o Centro de Vigilância, o governo federal tem alegado problemas na gestão de compra do produto. “O governo estadual não pode suprir a falta do inseticida porque a legislação não permite que os estados façam a aquisição. O produto é indicado pela OMS e a compra é unificada pela União”, explica Ivana Belmonte, coordenadora do Centro Estadual de Vigilância Ambiental.

Nas últimas semanas, cidades de São Paulo e do Mato Grosso do Sul também relataram falta do material. O Ministério da Saúde afirma que os repasses do produtos são realizados com base no histórico de consumo e na situação epidemiológica dos estados. De acordo com a assessoria do ministério, 14,2 mil litros do veneno já foram enviados para o Paraná nos dois primeiros meses do ano. Em nota, a pasta ainda informa que está realizando novas compras. “Para o próximo mês, está prevista a aquisição de um novo quantitativo do produto. Com isso, novas remessas serão enviadas aos estados brasileiros.”

Fornecimento

Foram enviados aos estados brasileiros 454 mil litros de veneno (malathion) em 2015. Neste ano, nos meses de janeiro e fevereiro, foram enviados aos estados 72,2 mil litros de inseticidas.

Segundo Ivana, enquanto a situação não se normaliza, o veneno estocado deve ser racionado e distribuído entre as regionais e os municípios, mas poucos veículos fumacê serão acionados no Paraná. Uma alternativa que está sendo usada em algumas cidades, como Paranaguá, é o uso do pulverizador costal. Isso porque, nessa modalidade, a quantidade de veneno usado nas aplicações é menor.

Última alternativa

Útil apenas para combater a forma alada do mosquito e apontado com causador de danos ambientais, o fumacê é tratado por quem trabalha no combate ao mosquito como a última alternativa. “Essa é uma ferramente que, quando está sendo utilizada, é porque tudo mais falhou”, diz o professor Mário Navarro, coordenador da pós-graduação em Entomologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

O pesquisador aponta diversas desvantagens relacionadas ao inseticida. “Ele seleciona para resistência, só atinge os mosquitos que estão na área externa e ainda gera um passivo ambiental muito grande, pois também afeta outros insetos e animais que estão na área. É um tiro no pé”, afirma.

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