São Paulo e Brasília – O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, ontem descartou, ao menos por enquanto, a possibilidade de reduzir a tarifa de importação sobre o álcool brasileiro.

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Os Estados Unidos cobram uma taxa de US$ 0,14 (ou cerca de R$ 0,30) sobre cada litro do álcool vendido pelo Brasil, além de 2,5% sobre o total da venda. A redução da tarifa era um dos pleitos brasileiros durante a visita de Bush.

"Isso (a redução da sobretaxa) não vai acontecer. Permanecerá até 2009 e depois disso o Congresso (norte-americano) dará um jeito", disse Bush ao ser questionado se havia sido convencido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a reduzir a tarifa. Apesar da negativa do norte-americano, Lula disse que o assunto ainda depende de muita negociação entre os dois países.

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Convencimento

"Não acho que um país vai abrir mão das coisas que protegem seu comércio porque um outro está pedindo. Esse é um processo de convencimento, de muita conversa e vai chegar um dia que essa conversa vai amadurecer e chegar num denominador comum que vai permitir um acordo", afirmou Lula.

O insucesso brasileiro para reduzir as tarifas de importação norte-americanas, porém, não deve ser tão ruim ao país. Essa é a avaliação do ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, que atualmente preside o Conselho Superior do Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Para ele, a redução ou eliminação da barreira tarifária imposta pelos Estados Unidos ao etanol brasileiro tem mais importância política que comercial.

Hoje, lembra Rodrigues, o Brasil não tem excedente de produção para atender a demanda norte-americana pelo produto.

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"Comercialmente, neste momento, não é importante que essa tarifa seja eliminada porque o Brasil hoje produz para garantir o abastecimento do mercado interno, que é crescente."

Carros flex

Atualmente, os carros flex fuel – que utilizam tanto álcool como gasolina – respondem por 83,5% das vendas de automóveis no Brasil.

"O produtor e o governo brasileiros têm interesse em atender ao consumidor brasileiro prioritariamente. Os brasileiros podem ficar tranqüilos quanto ao abastecimento, e os americanos podem ficar tranqüilos, que não haverá uma inundação de álcool", disse Rodrigues.

O governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, conhecido como o "rei da soja", também afirmou que o Brasil não deve "se preocupar tanto com a questão da sobretaxa dos Estados Unidos ao álcool brasileiro".

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Segundo Maggi, a sobretaxa é até "interessante para o Brasil", pois incentiva a produção norte-americana de álcool, feita a partir do milho. Com isso, o valor desse cereal – e também da soja – aumenta no mercado internacional, beneficiando os produtores brasileiros do grão.