Apesar do reforço do policiamento em Londrina, no Norte do Paraná, com a presença inclusive da cúpula da Polícia Militar, representantes de entidades da sociedade civil prometem parar a cidade nesta quinta-feira (5) das 10 às 11 horas na manifestação "Chega de Luto Londrina Exige Segurança". Na quarta, o policiamento de Londrina foi reforçado com o trabalho de cerca de 120 soldados-alunos e também de aproximadamente 50 policiais militares do Batalhão de Apucarana e dos pelotões de Cornélio Procópio e Apucarana .
O presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), Rubens Augusto, que está liderando a manifestação desta quinta, afirmou acreditar não ser coincidência o reforço policial na cidade às vésperas do ato. "Acho que o governo do Estado está sensível aos apelos do cidadão. Mas, mesmo que seja coincidência, de uma maneira ou outra, foi positiva a atitude do Estado. Espero que haja continuidade."
Segundo Augusto, as medidas tomadas pela polícia não irão enfraquecer o protesto desta manhã. A expectativa é que os comerciantes do centro fechem as portas por uma hora e participem de uma passeata no calçadão. Além disso, de acordo com Augusto, existe a possibilidade de algumas escolas públicas e particulares participarem do ato. "Os comerciantes da região norte devem fechar as portas e fazer uma carreta pelos bairros e depois devem vir ao centro", contou.
O comandante do Policiamento do Interior, Celso José de Mello, que chegou a Londrina na terça-feira, vai ficar na cidade até a próxima semana. Ele está usando uma sala no 5º Batalhão da Polícia Militar e tem se ocupado, além das questões habituais do cargo, da segurança em Londrina. Questionado acerca da sua programação para os próximos dias, foi sucinto: "Muito trabalho."
A respeito da manifestação de comerciantes contra a violência, o coronel Mello afirmou que a Polícia Militar não se manifesta contrariamente e nem a favor. "Não somos nós que ditamos como a comunidade tem que se comportar", observou.
Comentando os problemas sociais como a origem da violência, o comandante do Policiamento do Interior apontou o fato de a maior cobrança ser sempre feita a polícia. "Vivemos hoje problemas de políticas públicas que ocorreram 10, 20 anos atrás. Acontece que somos [a polícia] o único braço do Estado que funciona 24 horas por dia. A educação funciona no mais tardar até às 23 horas, a saúde tem suas limitações. A segurança é um dever da polícia, mas é uma obrigação de todos", disse.
O prefeito Nedson Micheleti se disse contrário ao fechamento do comércio durante o protesto. "É uma justa manifestação, por um lado, mas fechar as portas do empreendimento, isso não tem necessidade. O empresário que está prospectando um local para investir, ao ver as portas fechadas, sente que há um risco", argumentou o prefeito.
Dupla de policiais em todas as esquinas do centro
Ontem, em meio à sujeira, buracos e camelôs, uma cena inusitada chamava a atenção de quem passava pelo calçadão: "Está cheio de polícia, né", constatou a moradora da Avenida Paraná, Maria Auxiliadora. O reforço no policiamento não passou desapercebido. A cada esquina era possível encontrar uma dupla de policiais.
No período da tarde, cerca de 120 soldados-alunos tiveram o primeiro dia nas ruas. De acordo com o comandante do 5º Batalhão, tenente-coronel Luiz Carlos Menezes Deliberador, eles já passaram por quatro meses do curso de formação de novos policiais, que tem duração de oito meses. "São mais de mil horas de aulas teórica e é um curso que reprova", disse o comandante. Até o final do curso, segundo Deliberador, os soldados-alunos terão aulas em metade da carga horária e, no restante do tempo, farão policiamento ostensivo. Segundo ele, os soldados-alunos que ontem não foram para as ruas de um total de 170 se dedicaram às aulas de tiro.
Os policiais que começaram a atuar ontem não carregam armas.
Mas a presença maciça dos policiais no centro da cidade causa desconfiança. "Isso aí vai acabar daqui a pouco. É só por causa da manifestação do comércio e para calar a boca de vocês (imprensa)", disse Maria Auxiliadora. A comerciante, Luciane França pediu mais segurança: "Chega de Luto. Na minha igreja estamos orando muito para que Deus ilumine a cabeça das autoridades e a situação melhore."
Os policiais foram questionados pela população. "As pessoas querem saber se vamos ficar, se é só por hoje", contou o soldado, Idinei Machado. Ontem foi o primeiro dia dele no policiamento e o novato demonstrava vontade em trabalhar. "Estamos aqui para servir e atender sempre."
Eguedis confirmou que os policiais novatos devem manter o policiamento até o final da semana. No entanto, ele não soube dizer se o grande número de policiais na região central vai continuar na semana que vem. "O centro recebeu reforço, mas outros efetivos foram colocados em alguns bairros e de forma simultânea".
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