Trocar uma vaga do curso de Medicina numa faculdade privada para ocupar durante mais um ano a cadeira de um curso pré-vestibular. Por trás da decisão da estudante Júlia Fortes Schucovski, 18 anos, de enfrentar mais um tempo de uma árdua rotina de estudos e dedicação, estava o firme objetivo de ingressar na mais antiga universidade do país, a Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Assim como muitos colegas seus, na primeira vez em que Júlia tentou entrar para o ensino superior, em 2004, se inscreveu em dois concursos vestibulares. Foi aprovada numa faculdade particular, mas preferiu ir atrás do sonho de estudar na UFPR. Para Júlia, o esforço valeu a pena, apesar de ela ainda não saber se está entre os 4.144 que ocuparão as vagas oferecidas em 69 opções de cursos de graduação no vestibular 2006. "Eu prefiro a Federal. Primeiro porque seria mais viável financeiramente, depois porque é a melhor do Paraná", diz. Ela vai saber o resultado nos próximos dias.
Além de Júlia, exatos 13.383 candidatos aguardam ansiosamente a divulgação da lista dos aprovados no vestibular 2006 da UFPR. A previsão é que até o dia 20 de janeiro os nomes dos calouros sejam conhecidos. Mas historicamente a universidade tem antecipado a lista para os primeiros dias do ano. Caso não seja aprovada na UFPR desta vez, Júlia não sabe ainda se vai continuar insistindo na instituição. Em 2005, a estudante prestou vestibular em outras duas universidades particulares.
Razões
Os motivos que levam estudantes a perseguir uma vaga na Federal vão desde o fato de ser gratuita até o de ser muito respeitada o que garante pontos extras nos futuros currículos.
Para a candidata ao curso de Psicologia Sara Patrícia Bauer, 17 anos, por exemplo, a economia de uma mensalidade que custaria cerca de R$ 700 em uma faculdade privada é o fator de maior peso. "Minha família não tem condições financeiras para isso [pagar a mensalidade]. Os meus pais já pagam faculdade para meus dois irmãos."
Já o vestibulando Celso Ferreira Gonçalves Filho, 17 anos, que tenta uma vaga de Direito na UFPR, está de olho na reputação da instituição. "O nome da universidade faz muita diferença no currículo", diz.
Renome
Dois renomados profissionais que concluíram graduação e pós-graduação na Federal garantem que o "selo UFPR" tem um valor importante no mercado de trabalho. O promotor de Justiça e chefe de gabinete do procurador-geral de Justiça, Clayton Maranhão, com graduação e doutorado pela UFPR, diz que a instituição foi determinante em sua carreira. "A Federal sempre me abriu portas por ser conceituada." Já o diretor do Hospital de Clínicas Giovanni Loddo lembra que a tradição da universidade vem desde a época em que começou a estudar Medicina, há 41 anos. "Pessoalmente, eu me orgulho muito de ter estudado aqui e da universidade ter me dado a oportunidade de chegar aonde cheguei", afirma.