O porta-voz da Polícia Militar, coronel Frederico Caldas, anunciou na manhã desta terça-feira, em entrevista ao Bom Dia Rio, da TV Globo, que a corporação se preparou para que seus serviços não sejam prejudicados durante a greve anunciada na quinta-feira. De acordo com Caldas, essa será uma sexta-feira tranquila, sem qualquer alteração devido a falta de policiamento. O coronel também comentou que não há previsão para quando as Forças de Segurança irão começar a atuar no Rio de Janeiro. Segundo Caldas, esses homens só serão solicitados caso a quantidade de policiais militares nas ruas não seja suficiente.
Quanto as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), o coronel afirmou que não houve nenhuma ocorrência nas comunidades. Caldas contou ainda que o efetivo das UPPs não sofrerá alterações. O porta-voz da PM garantiu que seus homens trabalharam normalmente na madrugada desta sexta-feira. De acordo com ele, há uma ferramenta tecnológica instaladas nos carros que monitora todas as viaturas da corporação.
Apesar da promessa de tranquilidade, as primeiras horas da greve já deixaram a cidade desguarnecida de patrulhamento. As principais vias expressas não tinham sequer uma patrulha. Foi o caso da Avenida Brasil, linhas Amarela e Vermelha, e também a Perimetral. Minutos após terem decretado a greve das forças de segurança no Estado do Rio, policiais e bombeiros deixaram a Cinelândia rumo aos batalhões e delegacias em que são lotados. Segundo os líderes do movimento, os manifestantes precisavam descansar para terem condições físicas de participarem das atividades do grupo durante esta sexta-feira. A ordem era que todos os militares fossem aos seus batalhões e se aquartelassem. Com isso, segundo os grevistas, a integridade dos militares estaria garantida, inclusive de futuras acusações de serem responsáveis por distúrbios que possam vir a acontecer.
Durante a madrugada desta sexta-feira, policiais militares que aderiram à greve e que estavam de serviço deixaram de patrulhar e se reuniram nas delegacias das regiões de seus batalhões que funcionavam como centrais de flagrantes. Segundo os PMs que estavam de plantão, caso retornassem aos seus quartéis eles seriam detidos. Para que não fossem presos, eles se reuniram nas portas das delegacias. A justificativa era de que estavam registrando ocorrência. Um procedimento normal. Porém, em algumas áreas os policiais retornaram aos batalhões.
Militares do 16º BPM (Olaria) e do Batalhão de Campanha, que patrulha o Complexo do Alemão e a Vila Cruzeiro, se reuniram na porta da 22ª DP (Penha) com grevistas que estavam de folga. Por volta das 2h da manhã, um comboio de viaturas da PM com as sirenes ligadas, acompanhados por carros de passeio dos grevistas, seguiram para a sede do Batalhão e não voltaram às ruas. Os militares foram aplaudidos por colegas de farda ao entrarem no batalhão. No 2º BPM (Botafogo), aconteceu o mesmo. Porém, segundo fonte da Polícia Militar, as equipes foram orientados pelo comando do batalhão para que retornassem às ruas, caso contrário, os militares seriam presos. E assim fizeram.
Policiais também se reuniram na delegacia da Gávea. Homens do 23º BPM (Leblon), também aderiram à greve e não fizeram o patrulhamento ostensivo da área. Quem estava de serviço não retornou ao batalhão com receio de ser detido. Até o final da madrugada desta sexta-feira, os batalhões que teriam registrado a maior adesão a greve seriam os 2º (Botafogo), 3º (Méier), 4º (São Cristóvão), 16º (Olaria), 17º (Ilha do Governador), 22º (Maré), e 23º (Leblon). Já as delegacias trabalharam com efetivo normal até o fim do plantão, às 8h da manhã.
No final da madrugada a Polícia Militar enviou uma nota oficial alegando que todas as unidades estavam operando sem problemas. Assim diz a nota: "O Comando da Polícia Militar informa que na madrugada desta sexta-feira todas suas unidades estão em pleno funcionamento, contando inclusive com o apoio de policiais do BOPE e do BPChq no patrulhamento. Não há paralisação de nenhum tipo de serviço para o cidadão. A Polícia Militar reitera seu compromisso com a segurança da população do Rio de Janeiro".
A greve também já começa a afetar o carnaval no Rio. Em nota, o Cordão da Bola Preta anunciou que o desfile que estava marcado para às 20h desta sexta-feira foi cancelado. Segundo a nota, "o presidente do bloco, Pedro Ernesto Marinhos, irá aguardar a orientação da secretaria de Segurança Pública para agendar nova data".
Quem procurar uma delegacia de polícia a partir desta sexta-feira só poderá registrar casos de maior relevância. De acordo com o presidente do Sindicado da Polícia Civil, Fernando Bandeira, apenas flagrantes, homicídios, remoção de cadáver, roubos de carro e casos que se enquadrem na Lei Maria da Penha, serão registrados.
Os grevistas exigem o piso unificado de R$ 3.500, vale-transporte de R$ 350, vale-refeição de R$ 350, além de jornada semanal de 40 horas e pagamento de horas extras. Eles também só aceitam negociar após a soltura do cabo bombeiro Beneveluto Daciolo, preso na última quarta-feira, um dos líderes do movimento.