Agenda
Dia da Aids terá testes e manifestações
Neste ano o foco da campanha promovida pelo Ministério da Saúde, com o slogan "Não ao preconceito, sim à prevenção", serão jovens de 15 a 24 anos. A escolha foi feita levando em consideração que 40% desta faixa etária declaram que não usam preservativo em todas as relações sexuais.
Em Curitiba, uma tenda da Secretaria Municipal da Saúde fará orientação para o público durante todo o dia de hoje no centro, além de distribuição de preservativos. Outra ação será a abordagem nas salas de espera em unidades de saúde e orientação em escolas da rede pública. Em Foz do Iguaçu, a campanha do dia mundial acontece na Praça do Mite, das 9 às 16 horas, também com distribuição de folders informativos e camisinhas. Duas manifestações marcarão a data em Curitiba: uma caminhada, que sairá do Hospital de Clínicas da UFPR (HC) até a Rua XV de Novembro, às 10 horas, e a celebração pela data na Catedral Basílica de Curitiba, às 18 horas. (IR)
Serviço:
o Centro de Orientação e Aconselhamento (Coa) realiza gratuitamente testes rápidos para HIV em Curitiba, na Rua do Rosário, nº 144, São Francisco. Informações e agendamento pelo telefone: (41) 3321-2803.
Dado mundial
370 mil bebês nascem com o vírus por ano
Da redação
É possível uma geração de crianças viver sem o vírus HIV se a comunidade internacional intensificar os esforços para o acesso universal à prevenção e ao tratamento contra a doença. É o que aponta relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), divulgado ontem em Nova York. As informações são da Agência Brasil.
A cada ano, no mundo, cerca de 370 mil bebês nascem com o vírus HIV transmitido pela mãe, sendo a maioria na África. A aids é a principal causa de morte de mulheres em idade fértil no mundo e uma das responsáveis pela mortalidade materna nos países com epidemia de aids, de acordo com a Unicef. Na África Subsaariana, 9% da mortalidade materna são atribuídos à doença.
No Dia Mundial de Luta Contra a Aids, comemorado hoje, a Academia Brasileira de Neurologia (ABN) faz um alerta: o vírus HIV, geralmente relacionado à síndrome da imunodeficiência adquirida, pode aumentar a chance de o paciente ter algum comprometimento cognitivo. Entre os cerca de 600 mil portadores no país, de acordo com dados do Ministério da Saúde, cerca de 252 mil (em média 40%) podem apresentar algum sintoma demencial. Entre os sintomas associados ao vírus estão alterações na velocidade do raciocínio, apatia, dificuldade de concentração e comprometimento motor leve.A neurologista do Departamento de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da ABN, Jerusa Smid, explica que o HIV atinge o sistema nervoso central (levado até o cérebro pela corrente sanguínea) e promove uma reação inflamatória (veja ao lado). A médica enfatiza que o HIV atinge mais a parte frontal e subcortical do cérebro, responsável pelas áreas do raciocínio e mobilidade, por isso os sintomas como alteração na velocidade do pensamento e da condição motora acabam ocorrendo. A neuroinfectologista do Hospital Nossa Senhora das Graças Mônica Maria Gomes da Silva, esclarece que, em muitos casos, o HIV não gera prejuízos para outras áreas do corpo, mas chega ao cérebro por causa da ineficácia do coquetel de remédios antiretrovirais em agir no órgão. "Hoje é sucesso no tratamento quando o paciente apresenta carga viral indetectável. Isso não significa, porém, que o paciente não tenha o sistema nervoso central afetado."
Existem dois fatores de risco para que um paciente com HIV tenha algum tipo de demência: muito baixa imunidade em um estágio da doença ou idade avançada. "Sabemos que o paciente mais velho tem o risco aumentado. Mas é importante diferenciar essa perda cognitiva. Um idoso soropositivo pode ter problemas no cérebro sem ser necessariamente por causa do vírus", diz Mônica. O infectologista do laboratório Frischmann Aisengart Jaime Rocha frisa que é preciso distinguir o paciente de HIV com uma boa imunidade e em acompanhamento médico do portador que não faz tratamento. "Quem não se trata deixa que doenças oportunistas se instalem, como meningite, lesões de pele e tuberculose. Consequentemente, fica mais suscetível aos problemas neurológicos."
O chefe do setor de neurologia do Hospital das Nações, Otto Fustes, lembra que essa relação entre HIV e demências não é nova. "Desde os primeiros casos da doença, nos anos 1980, se estuda essa relação." Mônica Gomes ressalta a importância do diagnóstico precoce do vírus. "O quanto antes a pessoa souber, ela pode evitar esses prejuízos". O tratamento de uma possível demência é feito com readequação da carga antiretroviral e amenização dos sintomas mais latentes. De acordo com Jerusa Smid, da ABN, é importante que o portador tenha um acompanhamento neurológico. "Caso apresente algum dos sintomas, é preciso fazer exames de imagem e do líquido (liquor) do cérebro, para saber se há danos".
Números
Relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) no dia 23 de novembro mostrou que, pela primeira vez em 30 anos, novas contaminações começaram a cair, assim como o número de mortes. Porém 33,3 milhões de pessoas estão contaminadas em todo o mundo. A região mais afetada pela doença é a África, que concentra 60% dos novos casos (1,3 milhão de mortes em 2009 e 1,8 milhão de novas infecções). Desde a década de 1980, cerca de 60 milhões de pessoas foram infectadas no mundo, a metade, 30 milhões, morreu. Atualmente, somente um terço das pessoas que necessitam têm acesso ao tratamento (5 milhões).
No Paraná, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), a faixa etária de maior concentração de casos é a de 20 a 34 anos; responde por 51,8%. São 22.196 casos no estado, sendo 818 em menores de 13 anos. A maior parte dos casos em adultos é no sexo masculino (66,7%), contra 33,83% em mulheres. Em São Paulo, um novo boletim epidemiológico, divulgado ontem, mostra que a mortalidade pela doença atingiu o menor nível dos últimos 20 anos. Foram 3.230 óbitos por aids no estado, contra 3.356 em 2008.
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