Brasília Em um pequeno escritório em Brasília trabalham quatro estagiários, um engenheiro de informática e um economista com diploma da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro que simbolizam uma mudança notável na maneira de o cidadão brasileiro acompanhar a atuação do governo. Eles fazem o portal Contas Abertas (www.contasabertas.org.br), especializado em acompanhar o movimento daquela mercadoria que funciona como principal termômetro para avaliar uma administração e suas prioridades o dinheiro.
Com a marca de 250 mil acessos mensais, o portal esteve por trás de boa parte das revelações que ajudaram os brasileiros a conhecer as decisões de Brasília. A partir de dados capturados no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), o portal demonstrou que o governo federal só gastou 35% das verbas destinadas à segurança de vôo que poderiam ter impedido o caos nos aeroportos. O Contas Abertas também rastreou convênios assinados pelo governo Lula para pavimentar a reeleição e ainda revelou que uma entidade ligada ao MLST, organização que participou de deprimentes cenas de baderna no Congresso, recebeu benefícios públicos de R$ 5,7 milhões.
Lançado em dezembro do ano passado, o Contas Abertas é a encarnação mais vistosa de uma mudança de costumes que a internet está produzindo no cotidiano político, como aponta o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ). "Nem o Bill Gates sabe todas as mudanças que a internet vai trazer para o mundo", afirma Miro Teixeira. "Mas de uma coisa nós já sabemos: ela tornou mais difícil mentir ou dizer bobagem."
O Contas Abertas não é o único exemplo. O site Transparência Brasil, que levantou a folha corrida de parlamentares candidatos à reeleição em 1.º de outubro, faz parte do mesmo fenômeno. No esforço para atrair um público mais amplo , o Portal da Transparência, criado pela Controladoria-Geral da União, anuncia um conjunto de novidades a serem implantadas em 8 de dezembro, Dia Mundial de Combate à Corrupção.