Cursos que simulem situações de assaltos e atestados rigorosos feitos por psiquiatras são pontos básicos para o país liberar o porte de arma para o cidadão comum sem aumentar o risco de incidentes nas ruas. Esta é a opinião dos especialistas em armas da Polícia Civil do Paraná Emecyer Campos e Marco Antônio Carvalho. Os dois defendem que o acesso ao porte de armas de fogo no Brasil deveria ser mais flexível, mas ressaltam que o curso de simples manuseio e o atestado psicológico – solicitados atualmente pelo Estatuto do Desarmamento – não garantem um usuário seguro o suficiente para efetuar um disparou somente quando realmente necessário.
O PL 3.722/2012, de autoria do deputado Rogério Peninha de Mendonça (PMDB-SC) e que tramita de forma adiantada na Câmara Federal, mantém o curso simples –é cobrada uma média 7 na teoria e na prática– e a necessidade de apenas um atestado psicológico como requisitos para o porte de arma e vai além: retira a necessidade de se justificar o pedido de porte e a autoridade da Polícia Federal em liberar o documento.
“Sem aumentar o rigor técnico e a análise psicopatológica, vamos criar machos de sinaleiros e de baladas no país”, alertou o Carvalho. Segundo ele, os cursos não preparam ninguém para reagir a um assalto. “Você vai lá, dá vinte tiros e pronto. Precisamos de cursos mais longos e adequados. Também não há avaliação psicológica [nas clínicas credenciadas] que realmente teste o emocional. Será que o cidadão com os cursos atuais sabe reagir na hora certa? Vai ter coragem de atirar?”, explicou. Carvalho se refere a necessidade de verificar em uma avaliação psiquiátrica se o cidadão é “pavio curto”. Campos lembrou que o exame psicológico atual é muito semelhante ao exigido para dirigir e não identifica comportamentos explosivos.
Para Campos, não é possível comparar o uso de armas pelo cidadão norte-americano com o brasileiro. “Lá eles são criados desde pequenos com uma arma próxima, conhecem o manuseio, atiram. Aqui precisaremos começar do zero. O custo do treinamento lá é baixíssimo”, comentou. “Nos Estados Unidos, um cidadão com porte dá mil tiros tranquilamente em treinos rotineiros. Aqui, tem policial que não dá isso”, comentou Carvalho. Os dois também comentaram que a fiscalização das pessoas que portam armas dentro do país é melhor que o no Brasil.
Massacres
Os dois especialistas em armas Polícia Civil do Paraná Emecyer Campos e Marco Antônio Carvalho ressaltaram também que usar os massacres causados por atiradores nos Estados Unidos como argumento para evitar a liberação das armas no Brasil não é justo. “O número de mortes causadas por um atirador lá, eventualmente, é o total de homicídios que acontece todo fim de semana aqui em Curitiba”, disse Carvalho. Os dois ainda lembram que a fiscalização norte-americana é um fator a favor deles, mas que depõe contra os brasileiros.
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Segundo os especialistas, são os mais indicados para o cidadão comum. Têm boas munições, precisão e são mais fáceis de manusear. É possível ter razoável precisão em média distância. Bom poder de incapacitação.
O tiro certamente vai derrubar o oponente. A chance de matar e não apenas imobilizar é muito grande. Dependendo do cartucho usado, a chance de tiro é maior. Há um cartucho com bagos múltiplos. O ideal, neste caso, é tiro de curta distância, até dez metros. Para os especialistas, ela deve ser usada, principalmente, para guardar a residência e não portar.
Os especialistas não indicam, principalmente, porque, possivelmente, se o tiro não atingir uma região letal de primeira, como a cabeça, o bandido não será parado.
Arma indicada para área rural, mas tem o manuseio um pouco mais complicado. A alimentação dela é feita por alavanca.