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Sebastião Santeana Banhos: esperança de fugir da vila violenta e de aproveitar a aposentadoria em Santa Catarina | Daniel Derevecki/Gazeta do Povo
Sebastião Santeana Banhos: esperança de fugir da vila violenta e de aproveitar a aposentadoria em Santa Catarina| Foto: Daniel Derevecki/Gazeta do Povo

Quadro de homícidios se mantém em 2008

Como ocorreu em 2007, neste ano, Sítio Cercado, Cidade Industrial, Tatuquara, Cajuru e Uberaba lideram o quadro de homicídios. A Secretaria de Segurança Pública do Paraná não divulgou dados, por bairros, referentes aos homicídios dolososos registrados em 2008. Mas levantamento extra-oficial feito pela Gazeta do Povo, a partir dos relatórios emitidos diariamente pelo Instituto Médico-Legal de Curitiba – e que não incluem somente os homicídios dolosos – confirma que o cenário se mantém.

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Violência ofusca progresso em bairro

Ao cruzar o túnel na Avenida Tijucas do Sul, uma das principais vias do Sítio Cercado, é possível observar duas realidades distintas do bairro que está entre os cinco mais violentos de Curitiba. O túnel é a porta de entrada para a Vila Osternack e para boa parte dos crimes registrados na região. Antes do viaduto há conjuntos habitacionais prontos para serem entregues e ares de prosperidade. Do outro, o crescimento também se faz presente, mas a violência é o que mais impressiona.

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Quem mora no Conjunto Porto Belo, na Cidade Industrial de Curitiba, sabe bem o que é conviver com a violência. O conjunto estabelece uma espécie de linha divisória entre uma região tomada por empreendimentos imobiliários de médio e alto padrão e o Morro do Piolho, conhecido pelo intenso movimento do tráfico de drogas e pelas mortes de usuários e traficantes. Somente na semana passada, três jovens foram mortos no local – em todo o primeiro semestre foram contabilizadas 30 mortes.

Sebastião Santeana Banhos, 64 anos, é aposentado e dono de um sobrado, onde mora sozinho, no meio da quadra da Rua Daniel Petersen, a poucos metros da casa onde morreram os três jovens na semana passada. Já sentiu na pele a violência e por isso colocou à venda a sua casa. Ao descer o morro, a fachada da casa chama a atenção pelos arames farpados, fios de metal atravessados na pequena sacada do sobrado e o muro alto.

O esquema de segurança foi instalado pouco tempo depois de Sebastião se mudar para o conjunto residencial, há seis anos. Um grupo de meninas usuárias de drogas começou a invadir sua casa de madrugada em busca de dinheiro e produtos para vender e comprar entorpecentes. Incomodado, resolveu investir em toda a parafernália. Ele lembra, porém, que não deu muito certo num primeiro momento. "Um dia, uma delas ficou presa nas lanças da grade." Mesmo com todo o aparato, não conseguiu se livrar das abordagens. Mas hoje batem no portão. Banhos conta que, se não tem dinheiro, dá um objeto qualquer. "Assim eu me livro de incomodação." Ele diz que aprendeu a se virar sozinho, porque não pode contar com a polícia, que não sobe o morro.

O curioso é que ele se mudou para a região justamente em busca de segurança. Antes, morava no bairro Uberaba, onde mantinha um comércio. Alvo da violência algumas vezes, na última ficou preso durante quatro horas por homens armados, com direito a arma na boca e tudo. Na época levaram R$ 4 mil. "Perto do que é lá, isso aqui é até calmo", conforma-se. Agora ele sonha com uma vida melhor em Santa Catarina, mas para isso terá de encontrar um comprador para a sua casa.

Uma costureira de 46 anos, que mora há 29 anos no local e tem medo de se identificar, tenta há algum tempo vender sua casa, mas as três imobiliárias que procurou lhe deram a mesma resposta: "Não há interesse por causa do bairro". A filha da costureira, de 28 anos, foi morta no portão de casa. Ela acredita que tudo não passou de um engano, mas lamenta ter de conviver com o homem que dizem ter pago o matador. Segundo ela, o rapaz passa em frente da sua casa e ainda ameaça matar toda a família.

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