A baía de Paranaguá, ao longo do século 16, foi uma das principais portas para europeus, que iniciavam a ocupação do atual território paranaense. Se no passado o local exerceu importante papel para a chegada dos primeiros “homens brancos” na região, é nessa mesma baía que quatro séculos depois encontra-se um dos principais portos do Brasil, o de Paranaguá – que completa 80 anos na próxima terça-feira.
Local reflete os ciclos econômicos do país
Vinte anos depois da sua inauguração, o Porto de Paranaguá já movimentava mais de 500 mil toneladas de mercadoria – nessa época a madeira era uma das principais matérias-primas que passavam pela zona portuária. Foi, inclusive, o ciclo madeireiro que sustentou e motivou o desenvolvimento do Porto de Paranaguá por 35 anos.
Saiu a madeira e entrou o café. Em 1965, o porto conquistou o título de “Maior Exportador de Café do Mundo”, quando atingiu a marca de 6 milhões de sacas embarcadas e totalizou 1 milhão de toneladas de cargas gerais movimentadas.
O aumento do volume de cargas exigiu que o acesso ao porto – realizado essencialmente pela Estrada da Graciosa – fosse modernizado. Foi quando teve início a construção da BR-277. Três anos depois, a pista dupla da rodovia foi entregue, modernizando os acessos ao porto. Em 1971, foi criada a autarquia que iria administrar os portos de Paranaguá e Antonina (Appa).
A trajetória do porto remonta a 14 de agosto de 1872, quando foi assinado um decreto imperial concedendo ao grupo formado pelos empresários José Gonçalves Pêcego, Pedro Aloys Scherer e José Maria da Silva Lemos o direito de construção e exploração de um porto no local. O objetivo era dar condições de atendimento aos fluxos de mercadorias que seriam transportadas até a cidade. A concessão chegou ao fim com a Proclamação da República, em 1889.
Só algumas dezenas de anos depois, um decreto de 1917 determinou que as obras de melhorias do porto, então batizado de Porto Dom Pedro II, fossem assumidas pelo governo do Paraná. A intervenção previa a abertura de dois canais de acesso, a execução de 550 metros de cais acostável e 2.486 metros de cais de saneamento, além de armazéns e depósitos.
Era o passo inicial para a inauguração de um novo e definitivo porto para o estado. No dia 17 de março de 1935, o novo Porto de Paranaguá foi inaugurado oficialmente com a atracação do navio-escola da Marinha “Almirante Saldanha”.
Canal
Em 1973, iniciaram-se os estudos para a construção de um canal artificial de acesso ao porto – o Canal da Galheta. Com o novo canal, com 12 metros de profundidade, o porto passou a ser capaz de receber navios com até 10 metros de calado e mais de 50 mil toneladas de carga.
O empreendimento contava com um cais acostável de 400 metros, calado de cinco metros, além de dois armazéns e linhas férreas para guindastes, totalizando uma área cercada de 10 mil metros quadrados. Naquela época, os navios eram abastecidos por meio de canoas a remo e o ponto de espera era a Ilha do Mel.
Outros nomes
Poucos sabem, mas o Porto de Paranaguá já teve outros nomes. Muito antes de passar à administração estadual, foi chamado de “Porto dos Gatos” e “Porto do Olho d’Água” . Em 1917, quando passou para as mãos do estado, era chamado de Porto D. Pedro II.
Área
Hoje, o Porto de Paranaguá possui uma área total de 2,3 milhões de metros quadrados e 4.232 metros de extensão de cais e píeres. Na inauguração, em março de 1935, o porto possuia um cais acostável de 400 metros e 10 mil metros quadrados de área cercada.
Em seu primeiro ano de funcionamento, o Porto de Paranaguá movimentou 91.598 toneladas de mercadorias nos 437 navios e lanchas que atracaram no cais recém-inaugurado. Nesse começo, as cargas que transitavam pelo porto resumiam-se basicamente a produtos primários para exportação e manufaturados importados.
Movimentação
Desde a sua inauguração, em 1935, o Porto de Paranaguá aumentou em quase 500 vezes o volume de cargas movimentadas ano a ano. Em 1935, foram movimentavas 91,6 mil toneladas de carga. Em 2014, a movimentação registrada foi de 45,5 milhões de toneladas.
Data
O historiador Florindo Wistuba relata que desde 1933 o atual Porto de Paranaguá já estava em funcionamento. “Ele passou por ampliações em 1934 e não havia sido realizada nenhuma solenidade. Quando o navio escola da Marinha ia atracar para uma parada técnica, decidiram fazer uma inauguração oficial.”
Portos fazem parte da cidade desde 1550
O historiador Florindo Wistuba relata que toda a história de Paranaguá está ligada a trajetória dos portos. Segundo ele, mal o Brasil havia sido achado pelos portugueses e um porto foi construído na Ilha de Cotinga, na baía de Paranaguá, em 1550. O espaço funcionou até 1570. “Esse porto era usado pelos bandeirantes portugueses que vinham caçar índios”, relata o historiador. Posteriormente, Wistuba explica que foi montado o primeiro porto, o “Nossa Senhora do Rosário”, em terras continentais no início do século 17. “Já no começo do século 19, um outro porto, perto da Rua do Mercado, passou a funcionar. Ele ficou na ativa até meados de 1930, mas recebia apenas embarcações menores”, afirma.
Wistuba explica que esses portos situavam-se em locais distintos de onde hoje é o Porto de Paranaguá. “O atual porto situa-se na mesma região de onde foi construído o empreendimento particular de 1872 (leia ao lado)”, esclarece.
Uma vida dedicada a um porto
Há cerca de 20 dias, Pilson José dos Reis aposentou-se. Dos 73 anos de vida, 58 foram dedicados ao Porto de Paranaguá. “É uma vida”, conclui. Ele conta que tudo que conquistou ao longo dos anos deve-se ao porto. Pilson diz que viu o Porto de Paranaguá ainda engatinhando. “Mudou muito. Não tinha quase nada no começo”, afirma o aposentado, que carrega histórias tristes e alegres do porto.
Diz ter visto colegas de trabalho morrerem devido a acidentes, mas se orgulha dos serviços prestado como fiel do armazém – que tem como funções receber, entregar e zelar pelo bom estado das mercadorias.
Ao longo de quase seis décadas de porto, ele relata que chegou a trabalhar oito dias seguidos. “Era muito trabalho para fazer. Tomava banho e comia por lá mesmo. Uma vez um alemão fotografou o armazém que eu cuidava. Disse que, no Brasil, nunca tinha visto um armazém tão limpo”.
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