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Porto União e União da Vitória são cidades diferentes. Não para os moradores

Linha férrea divide as duas cidades. | Bruna Kobus /Gazeta do Povo
Linha férrea divide as duas cidades. (Foto: Bruna Kobus /Gazeta do Povo)

Em 1917, logo após a Guerra do Contestado, um novo traçado cortou ao meio a então Porto União da Vitória. A cidade que pertencia ao Paraná, ficou dividida com a vizinha Santa Catarina. União da Vitória ficou do lado paranaense, e o Porto foi para o lado catarinense. O marco divisório foi um trilho da linha férrea, despercebido pelos moradores que atravessam de um estado para outro em apenas um passo e, no dia a dia, consideram as duas cidades uma só. Até parece mesmo: os serviços da Copel e da Sanepar são ofertados na cidade catarinense, por uma questão de conveniência geográfica.

Mas há muita gente que diz que a fusão dos dois municípios deveria ocorrer para valer. Desde 2006 o Instituto Radar monitora a opinião da população sobre a unificação. Os dados mais recentes, de 2010, mostravam que 84% dos entrevistados foram favoráveis à unificação. O diretor da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), câmpus em União da Vitória, Valderlei Garcias Sanches, é um dos apoiadores da unificação.

Segundo ele não seria apenas uma questão de economia, mas também de fortalecimento político. “Hoje não temos votos para eleger um deputado estadual nem federal”, diz. As cidades juntas somariam 86.228 habitantes – 52.735 em União e mais 33.493 em Porto União. Pelas regras atuais, uma hipotética fusão dos municípios criaria uma Câmara com 17 cadeiras, em vez das 22 de hoje.

Os atuais prefeitos garantem que abririam mão do poder. Pedro Ivo Ilkiv, de União da Vitória, diz que deixaria o mandato em favor de Anízio de Souza, de Porto União. Outra barreira que precisaria ser transposta é qual estado ficaria com o “novo” município. Souza avalia que seria no Paraná.

Copel e Sanepar

Desde a década de 70 a Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel) atua em Porto União. O motivo para atravessar a linha veio depois de um acordo com a Celesc que é concessionária em território catarinense. A Copel informou que a abertura dos serviços em outro estado foi devido à uma questão de “conveniência geográfica e mais facilidade de atendimento”. Com isso houve uma compensação de territórios. A cidade de Rio Negro, no Paraná, passou a ser atendida pela Centrais Elétricas de Santa Catarina Celesc.

Na mesma década a empresa de Saneamento do Estado (Sanepar) também iniciou atendimento do outro lado da linha. Desde 1975 o mesmo sistema de captação e tratamento abastece as duas cidades, como se fossem uma só. A Central de Relacionamento com o Cliente, por exemplo, tem endereço em Porto União, mas atende as duas cidades. Já a estrutura administrativa fica em endereço de União da Vitória, e também atende às duas cidades e a mais 15 municípios da região, que fazem parte da Unidade Regional.

A cidade catarinense é a única fora do território do Paraná que tem atendimento da Sanepar. Em nota a empresa explica que “não houve troca de cidades ou algo do gênero” durante essa incorporação dos serviços. Isso porque pela cidade ser separada apenas pelo trilho do trem, a população sente um pouco da relação de “pertencimento” com o outro lado. Chamando-as também de Cidades Irmãs. “Portanto, a Sanepar não “passou” para o lado de Santa Catarina. Mas, Porto União tem a peculiaridade de ser o único município fora do Paraná atendido pela Sanepar. ”

Já os serviços no papel são separados, sim. Por se tratar de duas autarquias diferentes a Sanepar possui um contrato de programa que funciona com cada prefeitura, separadamente.

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