O cheiro forte sentido nas proximidades do antigo posto de gasolina na esquina das ruas Piquiri e Comendador Roseira, no bairro Prado Velho, em Curitiba, não é de combustível, como seria natural, mas de fezes humanas. Abandonado há dois anos, o local se tornou ponto de consumo de drogas, abrigo de moradores de rua e foco de proliferação de mosquitos. "O fedor é insuportável. Nesses dias quentes está difícil de suportar", conta a dona de casa Léia Mello, de 77 anos, moradora antiga da região.

CARREGANDO :)

Dona Léia é a proprietária de um sobrado situado do outro lado da rua. O imóvel comercial ficou 18 meses disponível para locação. "Tive de baixar o aluguel para conseguir locar. Antes de abandonarem o posto, o sobrado não ficava sem inquilino."

Do antigo posto restaram a edificação com letreiros da loja de conveniências, caixa, lava-car e parte da estrutura metálica que servia de abrigo para as bombas de combustível. "O resto foi tudo arrancado: telhas, vidro, portas. Volta e meia tem alguém pendurado lá em cima, tentando tirar o que sobrou de ferro", conta a bióloga Ângela Maria Kowalski, de 43 anos. Ela coletou água parada em pontos da edificação. "Com certeza há larvas de mosquitos, só não posso dizer de que tipo."

Publicidade

Há lixo e cacos de vidro espalhados por todo o chão do que restou da estrutura. Vestígios de comida e do uso do local como abrigo também estão evidentes. Os atuais usuários chegaram a colocar tapumes de madeira nas janelas para deixar o local mais fechado. "A gente tem muito medo. Meu filho passou no vestibular à noite, mas pediu transferência para a manhã por causa da insegurança", reclama Ângela. Apesar de existirem marcas de fogueira dentro do abrigo, não há risco de uma explosão. A empresa de petróleo Shell, que tinha suas marcas na bomba quando o posto ainda operava, fez há um ano a retirada de tanques e do resto de combustível.

Os moradores se queixam da demora da prefeitura em tomar providências. De acordo com a assessoria de imprensa da prefeitura, as reclamações dos vizinhos geraram uma ação fiscal contra os proprietários do posto, que recorreram justificando que o ponto estaria locado. Os proprietários não foram encontrados para comentar o assunto. A Secretaria Municipal de Urbanismo, encarregada do caso, prevê que em poucos dias o trâmite legal se defina e os responsáveis sejam notificados. Pelo Código de Postura de Curitiba, todo proprietário de imóvel desocupado é responsável pela vedação da construção e pela vigilância ostensiva para evitar ocupação do local.