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Preservação rentável

Potencial econômico de áreas verdes é subestimado

O Parque Nacional do Iguaçu é um exemplo de como conservação ambiental e geração de renda podem conviver | Jonathan Campos/ Gazeta do Povo
O Parque Nacional do Iguaçu é um exemplo de como conservação ambiental e geração de renda podem conviver (Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo)

O Brasil investe hoje menos de R$ 5 em cada hectare de suas 698 unidades de conservação (UCs), como parques, reservas e áreas de proteção ambiental. Nos Estados Unidos, a média do investimento chega a R$ 156 por hectare. A manutenção das áreas de conservação federais brasileiras consome cerca de R$ 300 milhões ao ano – orçamento que se mantém estável desde 2001, apesar de uma expansão de 83,5% da área total protegida. No entanto, seria necessário investir R$ 1,8 bilhão ao ano em infraestrutura e planejamento para potencializar essas unidades como fonte de renda.

As informações fazem parte do estudo Contribuição das Unidades de Conservação para a Economia Nacional, publicado esta semana pelo Programa das Na­­ções Unidas para o Meio Am­­biente (Pnuma) e pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), com o apoio do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), entre outras instituições.

Além de mostrar a importância das UCs para garantir a preservação ambiental, o levantamento mostra o potencial de geração de renda, de bens e serviços provisionados por essas áreas, sejam federais ou estaduais. Cinco itens foram analisados: produtos florestais (como a extração de madeira), uso público (turismo), economia de carbono, proteção às reservas de água e repartição de recei­­­tas tributárias (ICMS Ecológico).

"Eu não diria que este potencial é subestimado, mas sim desconhecido. Este é o primeiro de vários estudos que queremos fazer para demonstrar isso e, a partir daí, conseguir mais recursos para incrementar essas áreas", explica Larissa Godoy, gerente de implementação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc) do MMA. O Snuc reúne as UCs federais, estaduais, municipais e particulares – que representam cerca de 15% do território nacional – com o objetivo de preservar a natureza e também promover o uso sustentável das áreas, quando possível.

Turismo

Entre as potencialidades que mais se destacam, está a capacidade de promover a visitação das unidades de conservação. Com a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016 batendo à porta, as UCs são uma grande oportunidade de incrementar o turismo. "O Parque Nacional do Iguaçu, em Foz, exerce regionalmente um papel de impulsionador da economia e está em um grau de implementação muito mais elevado que a maioria das nossas unidades de conservação no país", elogia Larissa.

De acordo com a pesquisa, atualmente os 18 parques nacionais geram um impacto econômico de R$ 519,2 milhões ao ano, atraindo cerca de 4 milhões de visitantes no período. Porém, as 67 unidades deste tipo no país – muitas não exploradas – teriam condições de atrair quase 14 milhões de turistas em 2016 e gerar até R$ 1,8 bilhão, garantindo recursos para a manutenção adequada dos próprios parques, ativando economias locais e ajudando a garantir a preservação do meio ambiente.

Carlos Eduardo Frickmann Young, integrante do Grupo de Pesquisa em Economia do Meio Ambiente da Universidade Federal do Rio de Janeiro e um dos coordenadores técnicos da pesquisa, vai além e projeta outras potencialidades para o Paraná. "Com a Copa em Curitiba, destinos como o Parque Nacional do Superagui, a Ilha do Mel [ambos no litoral do estado] ou mesmo o Parque Estadual de Vila Velha [em Ponta Grossa, nos Campos Gerais] podem ser opções. Se o turista tiver mais ‘fôlego’, vai até Foz. Isso vai ativar a economia, gerar renda", conclui.

Serviço:

O estudo completo deve estar disponível a partir de hoje no site do Ministério do Meio Ambiente (www.meioambiente.gov.br).

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