Os turistas estrangeiros que visitarem Curitiba em junho do ano que vem, durante os jogos da Copa do Mundo, terão dificuldade para fazer o papo render durante viagens pela capital, seja a bordo dos táxis ou do transporte coletivo. São poucas as opções e baixa a procura por cursos de idiomas para motoristas, cobradores e taxistas, apesar da proximidade do evento. Situação diferente da encontrada na área de comércio, cujas entidades se mobilizaram para abrir turmas e cursos para capacitar funcionários de hotéis, padarias e lanchonetes.
O Sebrae, por exemplo, lançou ainda no ano passado um programa para capacitar taxistas por meio de cursos gratuitos de línguas inglês e espanhol e gestão de negócios. Nem mesmo a oportunidade de estudar em horários flexíveis, já que as aulas são a distância, parece ter atraído os taxistas curitibanos. Cerca de 420 chegaram a se inscrever, mas apenas 14 concluíram os estudos e receberam o selo "Taxista Nota 10", que identifica os que passaram pelo programa.
Na área de transporte coletivo, a prefeitura e o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), assim como as empresas de ônibus, afirmam não ter planos para fornecer cursos básicos de inglês ou espanhol aos trabalhadores que estarão em contato com turistas durante a Copa mesmo que o uso de ônibus e táxis pelos torcedores seja considerado estratégico para a mobilidade na capital nos dias de jogos.
A orientação da prefeitura é que os próprios empresários e sindicatos se mobilizem para buscar parcerias com programas já estabelecidos, como o Pronatec Copa na Empresa, programa do governo federal feito em parceria com a Secretaria de Estado do Turismo que já atende a profissionais do setor turístico.
Estudo
A necessidade de profissionais das mais diferentes áreas melhorarem as aptidões em um segundo idioma nem que seja para ao menos compreender as demandas dos estrangeiros é reforçada por um estudo lançado neste mês pela Education First (EF), empresa de educação internacional. Em um ranking de proficiência do inglês com 60 países, o Brasil amarga a 38ª posição, com um nível de proficiência considerado baixo, atrás de outros países latino-americanos, como Argentina e Uruguai (veja infográfico). Uma outra pesquisa conduzida pelo Ibope relata que cerca de 80% da classe média brasileira não fala nenhum idioma estrangeiro.
Para a diretora do Centro de Línguas e Interculturalidade (Celin) da UFPR, Mariza Riva, a importância do aprendizado em uma segunda língua ultrapassa eventos sazonais, como a Copa. "É uma maneira de se ampliar um conhecimento de vida. Qualquer língua é uma porta para o mundo. Você conhece o outro e passa a refletir sobre sua própria visão de mundo", diz.
Ensino - Quem lida com o público ainda tem tempo de aprender o básico
Mesmo faltando somente sete meses para a Copa do Mundo de 2014, ainda há tempo para aprender o básico de inglês e não fazer feio na hora de atender aos torcedores estrangeiros. Cursos com menos de 100 horas de aula podem ser suficientes incentivo que não vale somente para funcionários do transporte coletivo.
O Sindicato da Panificação e Confeitaria do Paraná (Sipcep) planeja uma nova turma do curso de inglês voltado para qualificar atendentes, caixas, garçons, confeiteiros, gerentes e empresários do setor. O primeiro grupo contou com 120 "formados" e já há lista de espera para as próximas aulas o curso tem 35 horas de duração e é feito em parceria com a Sesi-PR, que adota uma metodologia própria voltada para as necessidades de cada setor.
As escolas de idiomas também têm preparado cursos intensivos de olho nos profissionais que atuarão durante a Copa. As escolas Fisk e PBF formularam um curso de 90 horas com foco nos adultos, intitulado "May I Help You?", utilizando situações previsíveis de atendimento ao público em hotéis, lanchonetes e comércio. "Quem vai trabalhar em um restaurante ou um hotel, não precisa, a princípio, saber falar sobre política externa ou outros temas mais complexos. Assim, em seis meses é possível habilitar alguém para dar conta ao menos de situações previsíveis", afirma o professor Elvio Peralta, diretor-superintendente da Fundação Fisk.