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Pouco mais de um ano depois de chegar ao Brasil, zika vírus já atingiu 60 países

 | Raul Santana/Fiocruz Imagens
(Foto: Raul Santana/Fiocruz Imagens)

Dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na quinta-feira (14) mostram que o vírus da zika continua se expandindo pelo mundo de forma muito rápida. De acordo com a OMS, desde 2015, 60 países e territórios registraram casos da doença – 46 deles estão vivendo surtos pela primeira vez.

Outros dez países, como o Canadá, Alemanha, Itália, Nova Zelândia e Estados Unidos, também começam a registrar casos mesmo sem a presença do mosquito transmissor – o Aedes aegypti. A possibilidade da transmissão pela via sexual é a principal hipótese da OMS, que revela a rápida expansão do vírus pelo mundo.

Somente nas Américas, 85 mil pessoas foram contaminadas pelo zika desde 2015 e os casos de microcefalia relacionados ao vírus, que foram identificados primeiramente no Brasil, começam a aparecer em outros países, como é o caso da Colômbia.

Nos EUA, a chegada do vírus foi confirmada em junho de 2016. Desde então, foram registrados 1.133 casos de zika no país. Destes, 320 são de grávidas.

No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, mais de 161 mil pessoas tiveram casos suspeitos de zika e 64.311 pessoas foram confirmadas com a doença desde 2015. Ainda segundo a pasta, até julho de 2016, 1.687 bebês tiveram microcefalia confirmada.

Apesar de ser identificado pela primeira vez em 1947 em Uganda, o vírus da zika causava problemas pontuais por onde passava. O vírus chegou ao Pacífico em 2007 e, em 2013 causou a primeira grande epidemia, na Polinésia Francesa. De lá, passou para outras ilhas do pacífico e chegou à América Latina em 2015 - desta vez, associado à microcefalia e outras má-formações congênitas em bebês e também ao surto da síndrome de Guillain-Barré em adultos.

Análise

Para o professor de virologia da UFRJ Davis Fernandes Ferreira, uma explicação para a expansão do zika é o aumento de viagens internacionais e da velocidade destas viagens. Além disso, há o fato de toda população estar suscetível à contaminação e uma distribuição homogênea do Aedes aegypti. “O fato de o Aedes aegypti ser urbanizado, possibilita com que este mosquito sobreviva em lugares de inverno rigoroso, pois o vetor se protege dentro das habitações humanas”, diz.

De acordo com Ferreira, mutações no vírus também podem facilitar a transmissão por outros vetores. Há ainda a transmissão sexual, que pode levar o vírus aos lugares onde o vetor não existe, como defende a própria OMS.

Pesquisas precisam avançar

O professor explica que, apesar de ser conhecido desde 1947, as pesquisas precisam avançar para que a transmissão do vírus e a própria relação com a microcefalia possam ser entendidas. “Sabemos que a transmissão sexual ocorre, mas não sabemos ainda se a saliva é importante na transmissão. A transmissão pelo leite materno ainda está sendo discutida”, disse.

A relação entre a microcefalia e outras má-formações cerebrais foi confirmada pela OMS em fevereiro de 2016, depois de uma série de pesquisas. Ainda não se sabe, porém, se o vírus é o único responsável pelas enfermidades. “A relação com a microcefalia é real, mas ainda não sabemos que o zika é o único responsável por estes quadros clínicos ou se existem outros fatores. Isso ainda é fruto de muita pesquisa”, afirmou o pesquisador.

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