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PR deixa de ter cidades com IDH-M muito baixo

Dirceu Chaná vive na cidade com pior IDH-M do Sul do país | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Dirceu Chaná vive na cidade com pior IDH-M do Sul do país (Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo)

O atlas produzido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) revela que, na última década, o Paraná deixou de ter municípios com um Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) considerado muito baixo – a pior faixa do indicador, que vai de 0 a 0,499. A evolução também atingiu o outro extremo do ranking, com dois municípios, Curitiba e Maringá, chegando pela primeira vez ao grupo das cidades brasileiras com IDH-M muito alto.

Em 2000, 24 municípios paranaenses possuíam um índice entre 0 e 0,499 – a maioria, localizada no Centro Sul-Paranaense e na região do Vale do Ribeira. Ao longo da década, quatro passaram para a faixa de IDH-M baixo e 20 evoluíram direto para o índice considerado médio. Não à toa, as cidades do Paraná que mais registraram aumento porcentual no IDH-M de 2000 para 2010 são aquelas que, na pesquisa anterior, tinham os piores indicadores (veja infográfico).

"O ganho em termos de políticas sociais e distribuição de renda é mais perceptível nos municípios de renda mais baixa, que mais receberam essa contribuição. Assim, os municípios com índice mais baixo apresentaram uma melhoria mais expressiva do que aqueles que já estavam com um nível melhor de emprego e produção econômica", explica o mestre em Desenvolvimento Econômico e professor da Universidade Tuiuti do Paraná, Wilson Mendes do Valle.

Entre geógrafos e economistas, é consenso que a melhoria no IDH-M, tanto nos municípios paranaenses quanto no Brasil, é resultado do ciclo de crescimento econômico que se iniciou em 2004 e seguiu até 2010, além das políticas públicas direcionadas para as famílias mais pobres, como o Bolsa Família. A partir de agora, com o arrefecimento da economia e a saturação destas mesmas políticas, é provável que o índice continue a subir, mas em ritmo mais lento. "Sem o ciclo de crescimento, as políticas públicas conseguiriam fazer pouco. É um efeito sistêmico, porque nesse período todo houve um crescimento no mercado de trabalho muito maior do que o crescimento populacional. Já as outras variáveis [educação e longevidade] mudam mais lentamente", avalia o economista e professor da Universidade Federal do Paraná João Basilio Pereima.

No topo

Do outro lado da tabela, Curitiba e Maringá se juntaram ao grupo de 44 cidades brasileiras com IDH-M muito alto (acima de 0,800) – a maioria dos municípios nesta faixa fica nos estados de São Paulo e Santa Catarina. Em 1991, nenhuma cidade brasileira alcançava nem sequer um índice de alto desenvolvimento. O panorama começou a mudar em 2000, quando São Caetano do Sul, em São Paulo, despontou como a cidade com maior IDH-M do país, posição que mantém até agora – em 2010, o índice chegou a 0,862.

Centro-Sul e Vale do Ribeira têm os piores IDHs

Maria Gizele da Silva, da sucursal

Dos dez municípios paranaenses com as menores taxas no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M), divulgado ontem, oito são da Região Centro-Sul e do Vale do Ribeira (veja infográfico). A distância dos grandes centros afasta investimentos e é apontada como uma das razões do baixo desenvolvimento.

Na região da Associação dos Municípios do Cantuquiriguaçu, que concentra 21 cidades do Centro-Sul, apenas duas cidades tiveram índices superiores a 0,7: Laranjeiras do Sul e Virmond. O secretário de Governo e Gestão de Laranjeiras do Sul, Gizelio Linhares, diz que, na última década, apesar de o desempenho dos municípios desta região ter aumentado, ainda é inferior às demais regiões.

Algumas cidades do Centro-Sul, como Goioxim, conseguiram deixar a lista dos piores índices. Agora, a cidade ocupa a 368.ª posição, com taxa de 0,641. "Acho que foram as melhorias das estradas que favoreceram a agricultura familiar, principalmente os que pertencem à bacia leiteira, e o programa Bolsa Família, que melhorou a renda da nossa população", aponta o prefeito de Goioxim, Elias Schreiner.

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