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Acidentes

PR é o 2.º estado que mais perdeu jovens no trânsito

 | Fabio Dias/Gazeta do Povo
(Foto: Fabio Dias/Gazeta do Povo)

Em apenas dez anos aumentou em 33,8% o número de jovens entre 15 e 24 anos que morreram vítimas de acidentes de trânsito no Paraná, de acordo com o Mapa da Violência, divulgado em fevereiro e complementado neste mês. Em 1998, eram 29,9 mortes para cada 100 mil habitantes no estado; o índice subiu para 40 em 2008. O Paraná é o segundo estado, depois de Santa Catarina, que mais registrou óbitos desse tipo. Os catarinenses tiveram um índice de 41,3 mortes.Ontem a Gazeta do Povo mostrou – a partir dos dados complementares – que em todo o país o crescimento de mortes decorrentes dessa violência foi de 23,9% no mesmo período. E o mais alarmante foi saber que cresceu 505% a quantidade de mortes envolvendo motociclistas, grande parte deles jovens.

Para a professora de Psi­cologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coordenadora do grupo de pesquisa em trânsito e transporte sustentável, Alessandra Bianchi, os números são assustadores. "É uma informação consolidada na Orga­­nização Mundial da Saúde (OMS) que, na área de trânsito, a mortalidade é maior na população até 30 anos. Mas tem que questionar essa normalidade, que não é aceitável", diz. Alessandra considera ainda mais preocupante a situação ao analisar que o número de mortes não é bruto, mas sim diluído na população. "É como se 800 jovens de Curitiba morressem a cada ano no trânsito", comenta.

Mudança

O número de mortes de jovens por 100 mil habitantes superou a casa dos 30 em 2003. E a data, segundo Alessandra, dá pistas de que isso pode ser um reflexo do costume da população ao Código Brasileiro de Trânsito. "Em 1998, os índices baixaram porque o código entrou em vigência. Em três anos [2001], o impacto da lei foi muito positivo e reduziu a taxa. A partir do quinto ano [2003], parece que o código começou a perder força e a taxa de mortalidade subiu", explica.

O combate a esses índices de mortalidade é urgente, na opinião de Alessandra. "São crianças e jovens morrendo, o que torna o estado velho", argumenta. Para ela, a solução está em um trabalho de fiscalização, engenharia e educação. "O estado precisa adotar posturas que ajudem a reverter a situação. Mais que uma campanha, é preciso de segurança no trânsito e, por isso, é importante pensar em fiscalização e educação sistemática e continuada", diz.

Ela lembra ainda que alguns países que conseguiram baixar as taxas de mortalidade investiram maciçamente em fiscalização. É o caso também de estados brasileiros como o Rio de Ja­­neiro. "Não importa quem é a pessoa ou sua profissão, se foi flagrado em uma infração de trânsito, tem de responder por isso", afirma.

Outra necessidade seria in­­vestir em educação de trânsito. Alessandra diz que não basta ensinar o significado de placas e quais são as regras de trânsito, é preciso fazer com que o jovem compreenda porque ele não deve dirigir se estiver alcoolizado, em alta velocidade, "mesmo ele sendo um bom condutor e tendo um bom carro."

Ações educativas

Para o coordenador de educação para o trânsito do De­­partamento de Trânsito do Pa­­raná (Detran-PR), Juan Ramon Franco, os números de acidentes e óbitos envolvendo jovens é realmente preocupante. O coordenador afirma que, tanto em Curitiba quanto no Paraná, o maior nú­mero de infrações de trânsito é de excesso de velocidade, o que acaba por ocasionar mais acidentes.

Franco também acredita na educação como forma de reverter esse quadro. Ele revela que o órgão pretende implementar, ainda neste ano, um projeto que vai até as escolas para conscientizar, sobretudo, o jovem que está próximo de ter a primeira habilitação. "Ele precisa sentir que existe um alto grau de responsabilidade a partir do mo­­mento que está habilitado para dirigir um veículo automotor. Preci­­samos envolvê-lo, fazê-lo sentir que é uma responsabilidade dele, que tem a vida do próximo nas mãos", diz. Segundo o coordenador, o De­­tran está em fase de planejamento e o orçamento será definido neste mês. Só então será possível definir quais atividades efetivamente serão implementadas.

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