Curitiba Enquanto o governo federal promove o etanol brasileiro no exterior, os produtores paranaenses fazem as contas e prevêem que em cinco anos vão estar colocando no mercado mais do que o dobro do que produzem hoje. Adriano da Silva Dias, superintendente da Associação de Produtores de Álcool e Açúcar do Estado do Paraná (Alcopar), diz que a meta é chegar a 2012 com uma produção anual de 4 bilhões de litros. Para este ano, a estimativa é de 1,63 bilhão. Cerca de 35% do etanol paranaense vão para o exterior, principalmente os Estados Unidos.
Até lá, segundo Dias, o estado deverá colher 75 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, contra as aproximadamente 40 milhões de toneladas que serão colhidas em 2007. Para isso, a cultura vai ocupar 1 milhão de hectares, o dobro do que é registrado atualmente. Disonei Zampieri, técnico do Departamento de Economia Rural da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, lembra que a lavoura de cana-de-açúcar já é a terceira maior do estado, no grupo formado pelas lavouras de verão. Perde para a soja e o milho.
O superintendente da Alcopar afirma que o empenho do governo federal para divulgar o Brasil no exterior como um grande produtor de etanol já está tendo reflexos no mercado paranaense. A expectativa para 2007 é de um crescimento de 25,39% na produção de cana-de-açúcar e de 24% na área cultivada.
O Brasil está de olho em um mercado promissor. Dias lembra que diversos países estão testando produtos para adição à gasolina para reduzir a emissão de poluentes. O país quer oferecer o etanol para esses consumidores em potencial.
O superintendente da Alcopar lembra que o álcool também emite poluentes, mas em menor quantidade. Dias citou estudos da Unicamp, a Universidade de Campinas (SP), que mostram que desde a preparação do solo para o plantio da cana até a industrialização são emitidos 716,1 quilos de gás carbônico por tonelada de cana, mas a fotossíntese da planta absorve 922,9 quilos por tonelada. Isso quer dizer que ela tira 206,8 quilos a mais de gás carbônico do que emite.
O mundo consome de 1,25 a 1,30 trilhão de litros de gasolina por ano, diz o superintendente da Alcopar. E será necessário produzir o aditivo para este combustível. O Brasil tem muita experiência na produção de etanol porque só no país e em alguns estados norte-americanos é obrigatória a adição.
Há alguns anos, lembra Dias, era usado o chumbo tetraetílico, altamente cancerígeno. Ele deixou de ser utilizado no país. O Brasil, que já produzia etanol, adicionou o álcool à gasolina. Estados Unidos e outros países usavam metil tetrabutil etílico, mas o estado da Califórnia detectou contaminação do lençol freático. Baniu e passou a usar o álcool produzido a partir do milho. O Brasil continuou na rota do álcool oriundo da cana-de-açúcar.
- Leia amanhã sobre as dificuldades enfrentadas pelos cortadores de cana-de-açúcar.
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