Em janeiro deste ano, o Hospital São Vicente iniciou o Serviço de Transplante de Fígado, sob o comando do médico Júlio Wiederkehr, que já fez mais de 750 operações desse tipo no Paraná e em Santa Catarina, no Hospital Santa Isabel, de Blumenau. Para ele, os números daqui estão longe do ideal. Há 294 pessoas na lista de espera por um fígado (119 ativas), segundo a Secretaria de Estado da Saúde. Nos quatro primeiros meses de 2010 ocorreram 16 transplantes. Quatro das operações foram de pacientes intervivos, opção que no caso do fígado é reservada principalmente para crianças.

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"Se considerarmos apenas os 12 transplantes em um quadrimestre, serão 48 em um ano, mais ou menos o número de 2009 de operações nessas condições (43). As cerca de 250 pessoas que sobram na lista passam para o outro ano, para se juntarem a outros 250, o que no caso do fígado é extremamente preocupante. Ou essas pessoas fazem o transplante ou morrem. Não há uma terapia alternativa que prolongue a vida, como a hemodiálise para os pacientes que precisam de um rim". Ele explica também que as doenças do fígado são dinâmicas e, muitas vezes, silenciosas. "Quando a pessoa começa a sentir os sintomas clínicos é porque já existe algo grave."

Estados Unidos

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Com cinco transplantes realizados até agora, por uma equipe multidisciplinar de mais de 20 profissionais, o São Vicente recebeu uma oferta de serviços e apoio técnico da Clínica Mayo, de Jacksonville (Florida), nos Estados Unidos. A instituição, que também possui instalações em Minnesota e Arizona, é a maior referência em transplantes de órgãos do país. Realiza 1.100 procedimentos por ano e tem a menor fila de espera dos Estados Unidos. Enquanto a média do país gira em torno de quase um ano, na Clínica Mayo o tempo de espera médio é de pouco mais de um mês.

A administradora da área internacional da Clínica Mayo na Flórida, Nancy Skaran, explicou à Gazeta do Povo que a carta enviada ao Hospital São Vicente faz parte de um informativo sobre os serviços de transplantes da instituição para hepatologistas e outros especialistas da área de transplantes no Brasil. "Outro ponto que gostaríamos de salientar é que Curitiba é ‘Cidade Irm㒠de Jacksonville. Esse reconhecimento foi declarado quando o ex-prefeito de Curitiba Beto Richa esteve em Jacksonville, em abril de 2009."

Comparação

Para a gastroenterologista Silvania Pimentel, transplantadora de fígado da Santa Casa e do Hospital Angelina Caron que fez especialização na Clínica Mayo, os números do Paraná têm uma boa chance de melhorar com a implantação das OPOs. "Com uma busca mais ativa e compromissada, baseada em metas, o serviço deve melhorar. É o que ocorre nos Estados Unidos, onde as centrais de captação têm de cumprir metas", diz a médica. "É um resultado obtido a partir de questões práticas: a lei, que obriga a notificação de todos os doadores, e o emprego a partir de resultados. Ninguém se mantém nesse trabalho só pelo idealismo." (FZM)