O ministro da Educação, Fernando Haddad, desembarca hoje em Curitiba para o lançamento da 4.ª edição do programa Paraná Alfabetizado, da Secretaria de Estado da Educação. O objetivo do projeto é ensinar a ler e escrever, no mínimo, 100 mil jovens, adultos e idosos por ano, alcançando, até 2010, a marca histórica de pelo menos 97% da população paranaense alfabetizada. Essa meta pode garantir ao Paraná o título de Território Livre de Analfabetismo.
A meta é ousada. Afinal, o Paraná é o estado da Região Sul com os piores índices. Só três cidades parananeses têm o selo do Ministério da Educação (MEC) que atesta a redução do analfabetismo para menos de 4% da população: Curitiba (3,38%), Entre Rios do Oeste (3,67%) e Quatro Pontes (2,43%). Outras 396 estão fora da lista.
Para tentar revertar o quadro em um curto espaço de tempo, as aulas da 4.ª edição do Paraná Alfabetizado já começaram no dia 4 de junho. Mas é hoje, entretanto, que acontece o lançamento oficial do projeto, com a presença do ministro e do secretário nacional da Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, André Lázaro. O Paraná Alfabetizado é uma ação nos moldes do Programa Brasil Alfabetizado, desenvolvido pelo MEC, e estará presente em 399 municípios do Paraná neste ano. Em 100 desses, a meta é erradicar o analfabetismo a partir desta edição.
Exemplo
Nesse emaranhado de números e metas, Maria dos Anjos Soares, 55 anos, é um exemplo concreto do que pode representar na vida de alguém a oportunidade de aprender a ler e escrever. Nascida em Ivaiporã, interior do estado, ela trabalhou na roça até os 35 anos. Nunca foi à escola. Casou-se e teve quatro filhos. O marido a abandonou. Passou a cuidar dos filhos e sustentá-los sozinha, trabalhando como empregada doméstica.
Maria fez questão de mandar os filhos para escola. Não queria que eles tivessem de passar pelas humilhações que ela já havia suportado por não saber assinar o próprio nome. "Não conseguia nem pegar ônibus, tinha que decorar ou ficar perguntando para os outros", conta, com os olhos marejados de lágrimas. "Um dia fui ao Ministério do Trabalho para conseguir um emprego para a minha filha que era menor de idade. Tive que pôr o dedo, já que não sabia assinar. O moço, que nos atendeu, me chamou de burra", recorda-se.
Aposentada depois de um derrame cerebral e com os filhos já criados, Maria resolveu que era hora de mudar. Começou a estudar há dois meses. Já aprendeu o alfabeto inteiro e a assinar o próprio nome. Está feliz da vida. No momento, está aprendendo a juntar as letras. "Eu não quero ser burra", diz.
Ela é apenas uma das 430 mil pessoas que devem aprender a ler e escrever até 2010, segundo o governo do estado. Parece um número impossível de ser alcançado em tão pouco tempo. Mas, segundo o coordenador do Paraná Alfabetizado, Wágner Roberto do Amaral, não é. "Estamos a um passo de conseguir", comemora.
De acordo com ele, os dados que mostram que o Paraná está na pior posição entre os estado do Sul são do Censo de 2000. "De lá para cá, avançamos muito. Só teremos um retrato oficial desta mudança em 2010", afirma lembrando que, entre 2004 e 2006, 70 mil pessoas foram alfabetizadas.
Para a professora de Psicologia da Educação da Universidade Federal do Paraná, Tânia Stoltz, a meta não é impossível. "Tudo depende da prática adotada e da proposta metodológica. Só veremos os benefícios com uma avaliação rigorosa que dê conta realmente do avanço do sujeito e não apenas na tranformação dele em um analfabeto funcional", avalia.
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