• Carregando...
Em dez anos, 14,3 mil famílias negaram a autorização de doação de órgãos, influenciando no número de transplantes realizados no país | Jonathan Campos/ Gazeta do Povo
Em dez anos, 14,3 mil famílias negaram a autorização de doação de órgãos, influenciando no número de transplantes realizados no país| Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo

Doações

Confira o total de transplantes de órgãos e córneas realizados no Paraná:

2005 - 8192006 - 9492007 - 1.3142008 - 1.4012009 - 1.344 2010 - 998*

Atualmente, apenas uma de cada quatro possíveis doações se converte em transplante de ór­­gãos no Paraná. O problema de­­corre da falta de pessoal capaz de fazer o diagnóstico de morte en­­cefálica, da carência de quem colete o órgão e da abordagem inadequada da família do doador. Essas dificuldades começam a ser reduzidas com a criação de seis Organizações de Procura de Ór­­gãos (OPOs) no estado. A primeira entrou em operação neste mês, no Hospital do Trabalhador, em Curitiba. E, nos próximos dias, as demais estarão em funcionando no Hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul, no Hospital Regional de Ponta Gros­­sa, e nas regionais de saúde de Lon­­drina, Cascavel e Maringá.

A implantação das OPOs se deve às comemorações dos 15 anos da Central Estadual de Transplantes. Cada uma terá um médico coordenador, seis enfermeiros e dois técnicos administrativos. Essas centrais atuarão nas UTIs dos hospitais, fazendo a busca ativa de doadores potenciais, com o diagnóstico precoce e seguro da morte encefálica. Iden­­tificados esses doadores, as equipes se encarregarão de mantê-los até a retirada de órgãos e tecidos. Também ficarão responsáveis pela abordagem da família. Com esse trabalho, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) espera dobrar o número de transplantes de órgãos já em 2011 no Paraná.

Essas equipes também serão responsáveis pela notificação do possível doador à Central Estadual de Transplantes, fazendo a ponte com as comissões in­­ternas dos hospitais. A elas também cabe o papel de conscientizar as pessoas que frequentam hospitais sobre a importância da doação, além de orientar e qualificar profissionais da saúde, que muitas vezes não sabem fazer o diagnóstico correto da morte encefálica, cujas regras são definidas por lei. Muitos órgãos que poderiam ser aproveitados acabam desperdiçados porque a família de pacientes com morte encefálica simplesmente não é abordada, ou é abordada de maneira inadequada.

"Como estão em situação difícil, as famílias não lembram que a doação é possível", diz o secretário de Estado da Saúde, Carlos Moreira Junior. Segundo ele, o trabalho mais difícil será feito, que é a aproximação familiar, abordagem e autorização para a retirada de órgãos. "Como os coordenadores conhecem potenciais doadores, avisam os membros da OPO para conversar com a família e cuidar para que o paciente continue com o coração batendo", explica. "Seguimos o exemplo de São Paulo, que, proporcionalmente, é o estado que mais transplanta no país. Lá, o contato com a família acontece por meio de enfermeiros treinados, que dispõem de técnicas de psicologia."

Há dois tipos de doação. No caso de morte encefálica, pode-se retirar coração, fígado, intestino, pulmão, pâncreas, rins e pele; quando o coração já parou, é possível aproveitar ossos, córneas, pele e válvulas cardíacas. Antes da OPO, o Hospital do Trabalhador (o maior de trauma no estado), já tinha uma equipe para captação de órgãos e tecidos. Ali, em 2009, houve quatro mortes encefálicas que resultaram na doação de todos os ór­­gãos, além de 27 pacientes cujas famílias doaram córnea, pele e ossos. Neste ano, até outubro, foram 10 mortes encefálicas.

Coordenadora da OPO de Curitiba, a neurologista e especialista em medicina intensiva Nazah Cherif Youssef explica que nem todos os pacientes com morte encefálica podem doar órgãos. Pessoas com câncer, com doenças infectocontagiosas e transplantados não podem doar. "A OPO vai ajudar a identificar os possíveis doadores e esclarecer as dúvidas dessas famílias", diz. Desde a criação da Central de Transplantes, 13,6 mil procedimentos foram realizados no Paraná. Atual­­mente, 98 serviços de saúde estão credenciados para realizar transplantes de órgãos e tecidos no estado. So­­mente para transplante de córnea, há 28 serviços. Três mil paranaenses esperam na fila por um transplante.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]