Ações simples, como a popularização do soro fisiológico, e outras nem tanto, como o diagnóstico intrauterino de problemas congênitos, estão ajudando o Paraná a se aproximar do patamar aceito pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para o índice de mortalidade infantil. Para países em desenvolvimento, em que se enquadra o Brasil, a expectativa é chegar à taxa máxima de 10 mortes para cada grupo de mil nascidos vivos. Os dados preliminares referentes a 2005 apontam o índice de 13,71 mortes para cada mil nascidos vivos no estado – embora o país ainda esteja longe de alcançar essa meta (o índice nacional gira na casa de 30 mortes por mil nascidos vivos).

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Outro dado positivo é que os números vêm caindo gradativamente. Em apenas um ano, a diminuição no total de mortes em relação a 2004 foi de 11%. Parece pouco, mas representa que mais 267 bebês tiveram a chance de sobreviver. Os dados da Secretaria de Estado de Saúde apontam que 1.974 crianças com menos de um ano de idade pereceram no ano passado. Em países desenvolvidos, seriam mil mortes a menos.

O cenário é bem mais otimista do que há algumas décadas, quando a probabilidade de uma criança não chegar a completar um ano de idade era muito maior. Em 1979, a cada mil nascidos vivos no Paraná, 56,35 morriam no prazo de doze meses. Em 1989, a taxa passou para 33,82, e em 1999, para 19,53. A meta do governo estadual, estabelecida no Pacto pela Vida, assinado no fim do ano passado, é concentrar esforços para reduzir em 10% os indicadores de mortalidade materno-infantil até 2007. O coordenador estadual da Saúde da Criança e membro do Comitê de Prevenção da Mortalidade Infantil, Polan Piotrowicz, acredita que quatro fatores estão pesando na redução da mortalidade: a reidratação oral (através da popularização do soro fisiológico para o combate à diarréia), a cobertura maior de vacinação, a ampliação do saneamento básico e os programas voltados para a saúde da mulher. "Já dá para comemorar, mas com cautela", comenta.

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Piotrowicz assinala que índices abaixo de 20 já são considerados bons e que preocupam realmente os casos acima de 40 – o que ocorreu em 18 dos 399 municípios paranaenses no ano passado. Em 2004, foram 26. São todas cidades pequenas, pobres e com baixa infra-estrutura de saúde. As que lideram o ranking negativo de um ano, em sua maioria não estão no outro, revelando um problema estatístico – normalmente a mortalidade infantil é analisada a cada período de três anos porque um óbito acidental, por exemplo, numa cidade que registra menos de 100 partos em doze meses pode fazer disparar o índice. É o caso de Tapira, na Região Noroeste, que oscilou entre 200 e 33 mortos por mil nascidos vivos nos últimos dois anos. Outro caso flagrante é Santo Antônio do Caiuá, também no Noroeste, que saiu da taxa zero em 2004 e chegou ao mais alto índice no Paraná em 2005: 90. Tudo por conta de três mortes dentre os 33 nascidos e nenhuma no ano anterior.

Essa mesma mostra estatística aponta desigualdades gritantes no Paraná. No mesmo território onde convivem pouco mais de 10 milhões de pessoas, há regiões que apresentam índices europeus (mortalidade inferior a sete por mil nascidos vivos) e outras muito próximas das taxas africanas. Não chega ao número de alguns trechos do continente, com 260 em Angola e 283 em Serra Leoa, mas revela em que medida a pobreza está associada ao óbito infantil. Órgãos governamentais e outras entidades que atuam na melhoria dos serviços de saúde apontam a falta de saneamento básico e a desnutrição como os principais fatores que ainda matam precocemente. A relação entre a mortalidade infantil e o grau de instrução da mãe também já foi comprovada.