Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Investigação

PR tem somente metade dos peritos necessários

A fonoaudióloga Ana Odorizzi passou no concurso para perito em 2007, mas não foi chamada | Hugo Harada/ Gazeta do Povo
A fonoaudióloga Ana Odorizzi passou no concurso para perito em 2007, mas não foi chamada (Foto: Hugo Harada/ Gazeta do Povo)

Assim como o Instituto Mé­dico Legal, o Instituto de Cri­minalística (IC) do Paraná, órgão da Polícia Científica do estado, atravessa pro­­blemas. A estrutura material, desta vez, não é o foco principal das reclamações dos servidores. No órgão, que também garante as provas técnicas, fundamental para a Segurança Pública e a Justiça, o problema é a fal­ta de pessoal e a sobrecarga de trabalho. A Lei n.º 15.793/2008 fixa em 300 o número de vagas de peritos criminais no Paraná. No entanto, atualmente, 161 profissionais atendem ao estado inteiro. No Rio Grande do Sul, que tem quase a mesma população do Paraná, há 359 peritos criminais, quase o dobro dos paranaenses. Em Londrina, 17 profissionais atendem a 88 municípios da região – uma população de 1,5 milhão de habitantes.

A sobrecarga de trabalho reflete na qualidade da prova técnica que chega aos tribunais do estado. "Às vezes o juiz pede algo que já deveria estar no processo, o que atrasa o trabalho", afirmou uma perita de Curitiba, que preferiu não se identificar. A demora no desfecho de inquéritos, processos, nas delegacias, promotorias e nos tribunais, aumenta a sensação de impunidade. De acordo com a perita, os profissionais do IC acabam priorizando casos de maior repercussão, com autoria conhecida. "O resto vai ficando", contou.

Carga

Segundo o presidente do Sindicato dos Peritos Oficiais e Auxiliares do Paraná, Ciro José Cardoso Pimenta, a direção do IC e a entidade de classe têm cobrado do governo do estado uma solução. Para Pimenta, a melhoria passa pela promoção de 40 peritos que estão na classe de acesso e a contratação imediata de um grupo de 35 profissionais que passaram por um concurso de 2007 e já foram preparados pela Escola Superior da Polícia Civil.

"Desde o ano passado alertamos o governo. Apresentamos um projeto para aumentar o quadro, mas começamos a cobrar as promoções, pelo menos", explicou Pimenta.

Atualmente, as promoções por tempo de serviço ocorrem a cada 15 anos e ainda não há regulamentação da Lei 14.678/2005, segundo Pimenta, o que possibilitaria a promoção por titularidade. "Temos muitos mestres e doutores que não conseguem promoção por titularidade em razão disso", relatou.

Na avaliação dele, o maior problema pode ser visto no interior do estado. "Eu estou em Cascavel hoje (ontem) cobrindo um colega de folga. Fico aqui uma semana. O Estado acaba gastando mais com diária e transporte em razão desses rodízios do que gastaria com as contratações", argumenta. Em Cascavel, por exemplo, os peritos realizam entre 50 e 60 laudos por mês, em média, segundo Pimenta.

A perita Ana Odorizzi é um das profissionais que aguardam ser chamados para ingressar na carreira no Instituto de Criminalística. "Já passamos por todas as etapas. Estamos prontos", reclamou. Segundo ela, a validade do concurso, que já foi prorrogada uma vez, vence em alguns meses. "Ele expira em novembro e não há possibilidade de prorrogá-lo", comentou. Ana, que tem acompanhado todo pedido do sindicato da classe, ressaltou que todo processo de solicitação das promoções da classe de acesso está em análise na Procuradoria Geral do Estado.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.