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A capital paranaense deve ser a cidade escolhida para a implantação de um projeto-piloto no estado que irá utilizar um método cubano na alfabetização de jovens e adultos. A experiência pode iniciar ainda no segundo semestre deste ano e depende de uma resposta positiva do Ministério da Educação (MEC) e de definições de relações diplomáticas com Cuba. "Pensamos em implantar em cidades com baixo IDH [Índice de Desenvolvimento Humano], como Adrianópolis, mas teríamos que manter uma equipe nestes locais, o que poderia inviabilizar o projeto", disse o coordenador do programa Paraná Alfabetizado, Wagner Roberto do Amaral. A taxa de analfabetismo no estado é de 9,5%, entre quem tem mais de 15 anos, segundo o Censo de 2000.

No método chamado de "Yo, Sí Puedo" (Sim, eu Posso), a alfabetização é feita a partir da associação de números com letras, as aulas são transmitidas pela televisão, por meio de um vídeo, sem a presença de um professor. Tem a duração de sete semanas e ênfase na memorização.

No ano passado, a Venezuela foi declarada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) país livre do analfabetismo por utilizar esta metodologia criada por Cuba. O modelo já é usado em 17 países, entre eles Haiti, Argentina, México, Nicarágua, Bolívia, Equador e República Dominicana, e alfabetizou cerca de 1,5 milhão de pessoas.

No Brasil, a experiência está em teste no Piauí desde outubro do ano passado, a partir de uma parceria estabelecida entre o MEC e o governo cubano. O projeto-piloto envolve os municípios de Buriti dos Lopes, Caxingó e Murici dos Portelas, todos com altos índices de analfabetismo. Na mesma época em que o MEC estabelecia esta parceria com Cuba, em 2005, o estado do Paraná conhecia o método na Venezuela. "Numa ação de intercâmbio o Paraná descobriu este método que vinha alfabetizando muita gente naquele país", diz Amaral.

O projeto a ser implantado no Paraná deve envolver oito turmas e se dará em duas maneiras. Numa delas, o modelo cubano será implantado em sua fórmula original. Na outra, será misturado com características do método do educador Paulo Freire, que é usado há 40 anos no Brasil e surgiu como uma crítica ao sistema tradicional que utilizava a cartilha como ferramenta didática no ensino da leitura e da escrita. O uso do método da cartilha também estimulava a memorização.

Na perspectiva criada por Paulo Freire a alfabetização parte do contexto até chegar a palavra. Neste método, que é utilizado atualmente em 3 mil turmas do programa Paraná Alfabetizado, o educando aprende a ler em sete meses. "A palavra sempre está ligada a algo marcante na vida do educando", diz. Já no cubano, os temas em debate não têm ligação com a letra que está sendo estudada e os alunos assistem a discussão em vídeo, sem participação.

O hibridismo na implantação da experiência cubana ocorre a partir de reflexões feitas pelos especialistas da Secretaria de Estado da Educação. "Há uma série de questões pedagógicas que devem ser discutidas. Não queremos que o método venha prejudicar, mas somar e contribuir para a qualidade da alfabetização no estado", afirma o coordenador.

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