Nos últimos oito anos, 54% dos bebês prematuros nascidos no Paraná morreram. O governo quer que as gestantes façam pelo menos quatro consultas de pré-natal| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

Recém-nascido em pauta

Nas próximas quinta e sexta-feira acontece em Curitiba o 4º Congresso Internacional de Neonatologia, na Expo Unimed. O foco será a mortalidade infantil e tratar dos aspectos que envolvem o recém-nascido. A iniciativa é da Faculdade Evangélica e do Hospital Universitário Evangélico.

Segundo a presidente do congresso e chefe da UTI Neonatal do Hospital Evangélico, Evanguelia Athanasio Shwetz, a taxa de mortalidade infantil no país ainda é alta porque 60% dos óbitos ocorrem por afecções do período perinatal, em especial as relacionadas ao trabalho de parto prematuro. "Não seria exagero dizer que nós, pediatras, especialmente os neonatologistas, atuamos no foco das estatísticas da mortalidade infantil porque entre os recém-nascidos é onde ocorre o maior número de óbitos", diz.

Serviço: o congresso ocorre de 28 a 30 deste mês, das 8 às 18 horas, na Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300, Campo Comprido.

Da Redação

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A cada dez bebês que nascem prematuros no Paraná – antes dos nove meses de gestação – cinco não conseguem sobreviver. Uma média histórica do estado mostra que nos últimos oito anos, dos 13,5 mil partos prematuros realizados, 7,2 mil crianças morreram. E o principal fator da alta taxa de mortalidade está em algo simples de se resolver: dar acesso a todas as gestantes ao exame de pré-natal. Por incrível que pareça, o que leva uma mãe a ter o bebê antes do planejado é, em muitos casos, a infecção urinária. E este problema poderia ser detectado com um exame chamado urocultura (de urina) que apontaria a infecção e, assim, permitiria que as gestantes fizessem o tratamento adequado, evitando o parto antecipado. O exame, porém, ainda não é obrigatório às gestantes cadastradas nas unidades de saúde. "Ainda hoje sabemos que existem gestantes que só vão a uma unidade de saúde quando entram em trabalho de parto, isso quer dizer que nenhum exame pré-natal foi feito antes. Queremos exigir das futuras mães o exame de urocultura e pelo menos quatro consultas de pré-natal", afirmou ontem o secretário de estado da Saúde, Gilberto Martin, no lançamento da campanha "Nascer no Paraná: direito à vida".

A partir de julho deste ano, o secretário garante que as gestantes terão acesso facilitado aos testes de urina (que deverão ser três no decorrer da gestação) e aos quatro pré-natais, porque os postos de saúde passarão por uma reorganização estrutural. O governo irá investir, apenas nos exames de urocultura, R$ 400 mil que, segundo Martin, é um valor menor do que o gasto com três bebês prematuros internados.

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Acompanhamento

Outra meta da campanha é garantir a puericultura, ou seja, o acompanhamento do desenvolvimento de crianças até o primeiro ano de vida. Isto porque ainda não há dados confiáveis sobre os motivos que levam as crianças a morrer subitamente, por exemplo. A médica Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Criança, disse que de todos os óbitos infantis registrados, 30% são de morte sem causa informada e o pior, dentro deste porcentual, 70% devem ser de óbitos que poderiam ser evitados. "Ninguém alerta as mães sobre o perigo de deixar a criança dormindo de barriga para baixo porque ela pode morrer sufocada", disse Zilda. Segundo dados da mortalidade infantil, em 2007, o Paraná teve um coeficiente de 13,1 mortes para cada mil nascidos e Curitiba 10,51. "Nossa meta é diminuir para apenas um dígito, ou seja, menos de 10", afirmou o secretário Gilberto Martin.

O controle de saúde das crianças até um ano de idade deve começar já na gestação. A campanha "Nascer no Paraná: direito à vida" pretende cadastrar todas as gestantes do estado que usarão as unidades de saúde para o parto. No quarto exame pré-natal a gestante já deve estar ciente do local onde terá o bebê – o que ainda hoje nem sempre é feito na prática. Uma equipe também será contratada para fazer o controle nas próprias maternidades: deverá passar diariamente para ver as crianças que nasceram nas últimas 24 horas e o estado de saúde delas. Há ainda a previsão de que um Comitê Municipal para Redução da Mortalidade Materna e Infantil mantenha atualizado o número de declarações de óbito em um espaço mais curto de tempo e ainda identifique a causa da morte infantil e/ou materna.