No centro da discussão sobre segurança em shoppings está uma questão polêmica: como identificar se determinada pessoa é suspeita. A linha entre a precaução e o preconceito é tênue. Grupos de jovens das chamadas "tribos" freqüentadores dos shoppings de Curitiba principalmente nos domingos muitas vezes são vistos com desconfiança pela vestimenta e modo de agir. Como eles andam em bandos, normalmente são rotulados de baderneiros o que nem sempre é verdade.
Para o historiador e sociólogo Gilson da Costa Aguiar, professor do Centro Universitário de Maringá (Cesumar), a restrição ou liberação do espaço é de fato um dilema para os administradores de shoppings. Mesmo estando no limiar de cometeram atitudes preconceituosas contra determinados grupos, não se pode esquecer que shoppings são espaços particulares construídos com a finalidade de consumo.
"Quem vai ao shopping não busca apenas o consumo do bem, mas compra o serviço de segurança. E o sentir-se seguro significa afastar da minha vista alguém que me ofereça essa sensação de insegurança. Não há defesas de que isso seja certo ou errado, mas é o próprio consumidor que exige isso", disse. "O local é espaço de diversidade, o que não significa universalidade."
A nutricionista Glória Souza, freqüentadora de shoppings, concorda com a visão do sociólogo. Ela explica que prefere comprar em centros fechados justamente porque se sente tranquila em circular pelas lojas. "Na rua sempre tem alguém que vem pedir dinheiro e isso me assusta. Quando levo minha filha posso deixá-la à vontade", disse.
Sem restrições
O superintendente do Shopping São José, Jose Alcir Gruber, defende que a ação junto à comunidade é de grande importância. Os grupos, segundo ele, são bem vindos no shopping e há uma preocupação em se fazer uma aproximação cordial.
O consultor em segurança Fred Andrade é contrário a ações de restrição. Para ele, o indício de que um crime será praticado não basta para que alguém seja convidado a se retirar, bem como não se pode fazer julgamentos pela roupa ou estilo do visitante. "Vale dizer que os grandes assaltantes hoje em dia usam paletó", diz. (HS)