Parte dos passageiros de Curitiba desaprova os serviços do transporte público da capital, de acordo com uma pesquisa da WRI Brasil feita para a prefeitura e Urbs, gestora do transporte coletivo na capital. O levantamento aponta que a falta de conforto em terminais, ônibus, pontos e estações-tubos e, sobretudo, o valor gasto para ter acesso aos coletivos são os itens que mais têm desagradado a população.
A pesquisa foi entregue à Urbs na última semana, que disse “comemorar os resultados”. Isso porque, segundo o órgão, os indicadores do levantamento – embora revelem o nível de (in) satisfação com a atividade prestada – servirão como uma espécie de ponto de partida para buscar o aperfeiçoamento do serviço.
Infográfico: Veja quais os itens são campeões de insatisfação
O índice geral, que avalia o transporte como um todo, mostra que apenas 32% dos curitibanos se disseram satisfeitos ou muito satisfeitos com o transporte público. Na pesquisa anterior, de 2013, o nível de satisfação atingia 44% dos usuários. Na outra ponta, 22% dos entrevistados disseram não estar nem um pouco felizes com o transporte de Curitiba, enquanto 46% se mostraram indiferentes, ou seja, nem desgostar tampouco gostar.
Preço da passagem é o item que mais desagrada
No topo da insatisfação está o valor da passagem – elevado para R$ 3,70 no último mês de janeiro, data anterior à realização da pesquisa. Os passageiros que participaram deste levantamento foram ouvidos entre os dias 18 de novembro e 22 de dezembro do ano passado, quando a tarifa ainda custava R$ 3,30. Conforme aponta o levantamento, 62% das pessoas reprovam o preço cobrado para ter acesso aos coletivos, enquanto apenas 14% se mostraram satisfeitos ou muito satisfeitos com o valor.
Mais disponibilidade à noite e aos fins de semana
A circulaão de mais ônibus à noite e aos fins de semana é uma demanda dos entrevistados. Ao todo, 39% dos usuários dizem estar insatisfeitos com a disponibilidade de serviços noturnos e 51%, com o menor número de ônibus que circula aos sábados e domingos. Já os itinerários agradam aos usuários: 57% dos ouvidos estão satisfeitos com as linhas do transporte coletivo de Curitiba atualmente.
Segundo a prefeitura, o preço não pode ser desconsiderado, mas, objetivamente, seria preciso levar em conta a ocupação da parcela do transporte “dentro da cesta básica do trabalhador”.
“Em 2005, para comprar 50 passagens, o trabalhador gastava 31% do salário mínimo. Hoje, gasta 21%. Não quer dizer que a passagem está barata, mas nós temos que buscar um equilíbrio para manter o sistema”, defendeu-se o diretor de urbanização da Urbs, Gladimir Nascimento. “Esse problema a gente vê localmente porque estamos na nossa cidade. Mas, tarifas são um problema universal”.
Para Urbs, desconforto em ônibus está no excesso de passageiros
A frota de ônibus velhos circulantes em Curitiba não foi apontada pela Urbs como um dos possíveis fatores levados em conta pelos usuários na hora de reprovarem o conforto dos coletivos (40% se mostraram insatisfeitos com o quesito; 32%, indiferentes; e 28% satisfeitos ou muito satisfeitos).
“Nesse caso, parece que tem mais a ver com lotação. O que é conforto para usuário? Se estou espremido no ônibus, não tenho conforto”, analisou o diretor de urbanismo da Urbs.
No ano passado, a Gazeta do Povo mostrou que Curitiba pode terminar 2016 com pelo menos 300 ônibus nas ruas com mais de dez anos de vida - mais sujeitos a quebras, manutenção e menos confortáveis para os passageiros.
A última compra de ônibus ocorreu em 2012. No ano seguinte, as empresas obtiveram liminar que as desobrigava de renovar a frota. A Justiça entendeu que era necessário esclarecer se os empresários realmente estão recebendo o justo valor pelo serviço antes de fazê-los comprar novos ônibus. A Urbs recorreu e está ainda em tramitação na Justiça. Paralelamente, a empresa disse que vem negociando com os empresários para que seja feita a renovação.
Estruturas de terminais e pontos de ônibus são alvo de reclamação
Outros alvos de críticas foram terminais e pontos de ônibus, cujas estruturas deixam a desejar, diz a pesquisa. Para 57% dos entrevistados, é preciso mais conforto nos pontos, que, na opinião deles, precisam receber mais proteção contra sol e chuva, iluminação e segurança.
A Urbs disse que já estuda possibilidades de avançar na questão. Atualmente, Curitiba possui 6 mil pontos de ônibus, sendo 1,2 mil “à deriva”, apenas com placa ou demarcação.
A novidade é que está sendo estudada a possibilidade de procurar parcerias para erguer abrigos nestes locais em troca de exploração de publicidade – como ocorre hoje com as estruturas mantidas pela empresa Clear Channel.
“Seria exploração de publicidade em escala doméstica porque a maioria destes pontos, não podemos esquecer, estão na periferia. Grandes empresas não querem anunciar lá”, disse Nascimento. Segundo ele, a prefeitura continua com os serviços de implantação de iluminação e, ainda este ano, deverá dar início a novos projetos de segurança para usar no interior dos ônibus, uma que vez que, de acordo com a Urbs, todas as estações-tubo e os terminais já são monitorados por câmera.
Bom atendimento
Dos 15 itens analisados para buscar a satisfação geral dos serviços, a pesquisa mostra que apenas cinco receberam avaliação positiva por mais da metade da amostra ouvida: atendimento ao cliente, acesso ao transporte, facilidade em fazer transferências, facilidade em pagar e informação ao cliente.
Metodologia
A pesquisa foi realizada entre os dias 18 de novembro a 22 de dezembro de 2015. Foram 2.012 pessoas entrevistadas na amostra do módulo básico do levantamento. O erro amostral é de 2,2%.
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