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Ufes

Prédio de universidade pública adota uso de banheiros por identificação de gênero

Informativo em banheiro feminino do Centro de Educação da Ufes (Foto: Reprodução)

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Os banheiros masculino e feminino do Centro de Educação da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) podem ser utilizados por qualquer estudante que se autodeclare homem ou mulher. A mudança foi aprovada em setembro de 2021, mas teve impacto na comunidade acadêmica no final de abril, quando as aulas presenciais na instituição foram retomadas.

Agora, uma estudante transexual (homem biológico) poderá usar o banheiro feminino, caso seja essa a sua vontade, e vice-versa. Por meio da Resolução 009/2021, o Conselho Departamental do Centro de Educação da Ufes decidiu "regulamentar e garantir o uso de banheiros, vestiários e demais espaços segregados por gênero nos prédios do Centro de Educação conforme o gênero que pessoas transexuais, travestis e transgêneros se reconhecem, não devendo ser imposto o uso deste ou daquele conforme o sexo biológico, mas respeitada a escolha de acordo com a identidade de gênero".

Além disso, a resolução determinou que cartazes fossem fixados nesses espaços para informar sobre as mudanças e que os servidores e funcionários terceirizados recebessem formação "para que se assegure o tratamento digno às pessoas transexuais, travestis e transgêneros, o respeito ao seu nome social e à sua identidade de gênero".

A assessoria de imprensa da universidade informou que a instituição já realizou "ações de conscientização com docentes e servidores técnicos-administrativos do Centro", com encontros sobre "diversidade sexual, as questões de gênero e sexualidade e sobre a garantia dos direitos humanos".

Professores e servidores que não concordam com a decisão e preferem permanecer no anonimato, por medo de retaliações e ações criminais, afirmam que a mudança não contou com a ampla discussão da comunidade acadêmica e prejudica especialmente as mulheres. "A questão do banheiro é biológica, não de orientação sexual. Como vamos proteger as meninas de abusos?", disse um servidor.

Risco para mulheres

Organizações de proteção às mulheres, como a Campanha pelos Direitos Humanos das Mulheres, têm insistido na insegurança de medidas que permitem a entrada de mulheres trans (biologicamente homens) em banheiros femininos. Alegam que não são raros os casos de homens que se aproveitam dessa abertura para fingir outra orientação sexual e cometer abusos. Em representação enviada em uma ação - para defender um segurança que impediu a entrada de um travesti em um banheiro feminino -, a entidade explicou os riscos da autodeclaração e por que não é preconceito impedir a entrada de homens biológicos nesses locais.

"Enquanto é possível comprovar que uma pessoa foi discriminada por sua orientação sexual (exemplificando, um funcionário pode provar que foi demitido ao se casar com alguém do mesmo sexo), é impossível comprovar ou não que um indivíduo tenha ou não uma 'identidade de gênero'; não há exames para atestar isso", diz a representação.

"Nossa campanha defende o direito de todo ser humano a viver sua vida sem violência e isso obviamente inclui indivíduos que não aceitam o próprio sexo biológico e que se sintam constrangidos ou ameaçados nos espaços do próprio sexos. Porém, a solução não é transferir esse mesmo constrangimento e sensação de ameaça para as meninas e mulheres".

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