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Curitiba

Prédio histórico no centro de Curitiba debuta no abandono

Do assoalho sobraram só as vigas, além de carros abandonados em meio a mato e escombros. | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Do assoalho sobraram só as vigas, além de carros abandonados em meio a mato e escombros. (Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo)

Do prédio histórico – localizado na Rua Barão do Rio Branco, no Centro de Curitiba – só resta a fachada. Os vidros quebrados, a porta enferrujada e o mato que desponta entre o reboco do balcão ressaltam o estado de abandono. Não é para menos: o casarão – que pertence ao governo do estado e já sediou a Delegacia de Homicídios – completou 15 anos de desocupação. Apesar de seu valor histórico, o imóvel agoniza.

Se de fora já é possível notar a deterioração da casa, do lado de dentro a situação é ainda pior. Do telhado e do assoalho, sobraram apenas as vigas que os sustentavam. Também estão de pé algumas colunas. E só. Não há paredes ou outras estruturas. O mais impressionante: três carros – uma Parati, um Palio e um Kadett – jazem abandonados, entre escombros e o mato.

O casarão está incluído na lista de unidades com interesse de preservação (UIP), levantada pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), por causa de sua importância histórica e arquitetônica. Edificado em estilo classificado como eclético – com ornamentos clássicos, mas com elementos pré-modernistas –, o casarão é uma memória da Curitiba do início do século passado.

Urbanistas consultados pela reportagem observam que a falta de lei municipal com força para tombar o bem como patrimônio abre precedente para o abandono. O fato de ser uma UIP, por exemplo, não obriga o dono do imóvel a conservá-lo e nem prevê compensações por isso. “Curitiba ainda não tem uma lei que consiga proteger seu patrimônio e obrigar seu uso. Do jeito que está, os donos abandonam os prédios ao tempo. Para eles, é até melhor quando o prédio cai ou pega fogo”, observa Orlando Ribeiro, professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná e conselheiro da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (Asbea).

Os especialistas apontam que o estado deveria reocupar o imóvel ou repassá-lo à iniciativa privada – por meio de cessão por comodato. Desse modo, uma empresa, por exemplo, restauraria o prédio e exploraria seu uso por um tempo determinado, privilegiando o uso histórico. “O que não é razoável quando se tem um imóvel dessa importância é nem recuperá-lo e nem repassá-lo a quem tenha interesse. É um prédio que poderia ser usado em inúmeras atividades”, diz Carlos Hardt, coordenador da pós-graduação em Gestão Urbana da PUCPR.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Polícia Civil informou que deixou o prédio no ano 2000, porque havia risco de desabamento. A corporação afirma que existe um projeto para revitalizar o espaço. Para isso, uma licitação para restaurar o local está em fase de estudos. O órgão não soube explicar a quem pertencem os carros abandonados no local.

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