Dois prédios do conjunto habitacional Zilda Arns, do projeto Minha Casa Minha Vida, que receberiam os desabrigados do Morro do Bumba, em Niterói, serão demolidos neste domingo (24). Os imóveis, que seriam entregues a 450 famílias que perderam suas casas na tragédia de 2010, quando 47 pessoas morreram, apresentaram rachaduras e terão que ser reconstruídos.
A entrega de apartamentos do programa Minha Casa Minha Vida, prometida para julho deste ano, deve ser adiada pela construtora após dois dos 11 prédios erguidos no bairro do Fonseca apresentarem rachaduras. Cada edifício custou R$ 2 milhões da verba total de R$ 27 milhões liberada pela Caixa Econômica Federal para a construtora Imperial Serviços Limitada.
Os conjuntos habitacionais Zilda Arns I e II, na Rua Teixeira de Freitas, terão 454 apartamentos. Cada edifício tem cinco andares. As rachaduras foram flagradas nas unidades do Zilda Arns II, que consumiu quase R$ 22 milhões dos investimentos. Representantes da CEF e da Imperial Serviços se reuniram na quarta para discutir os problemas no projeto. A construtora alegou que um deslocamento no solo causou as rachaduras. Na reunião, a empresa não apresentou novo prazo para a entrega das unidades, já que os prédios precisarão passar por tratamento diferenciado, para evitar a volta dos problemas.
Já os apartamentos do Zilda Arns I, que não foram afetados, têm previsão de entrega para abril deste ano. O conjunto habitacional terá 83 unidades. Segundo a assessoria de imprensa da Caixa Econômica Federal, não haverá mudança nesse cronograma. Na hipótese de se confirmar que os problemas nos dois prédios foram causados exclusivamente por alagamento, os custos de demolição e da reconstrução dos blocos serão arcados pela seguradora. Caso contrário, o ônus será da construtora.
Enquanto isso, as 368 pessoas, sendo 144 crianças, instaladas no 3º BI vivem em meio ao lixo e sem condições de higiene. Num dos banheiros, três dos quatro vasos sanitários foram retirados. O único restante está quebrado. Como resultado, o chão está repleto de fezes e urina, e um forte mau cheiro toma todo o local. Uma ratazana foi vista no banheiro.
Uma audiência pública convocada pela prefeitura de Niterói está marcada para a próxima terça-feira, com objetivo de discutir a situação dos conjuntos na Teixeira de Freitas. E, na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), o presidente da Comissão de Segurança Pública, o deputado Otávio Leite (PSDB), apresentou nesta semana um requerimento para que outra audiência pública fosse realizada, com a presença do Ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, do representante da Caixa Econômica Federal e do representante da Construtora Imperial Serviços.
Os problemas em conjuntos habitacionais recém-construídos no Rio, no entanto, não se restringem aos do Zilda Arns. Também em Niterói, outro condomínio, com 180 unidades, no Viçoso Jardim, em frente ao Morro do Bumba, moradores apontavam problemas. Lá, a cada chuva desce terra de uma encosta nos fundos do conjunto, entregue no fim do ano passado. E uma área junto às janelas de dois blocos foi interditada. Já em Duque de Caxias, na Baixada, os condomínios do Minha Casa Minha Vida Santa Helena e Santa Lúcia, no Parque Paulista, foram invadidos pelas águas das chuvas desta semana. Inundações que já tinham afetado os moradores do Minha Casa Minha Vida do Bairro Carioca, em Triagem, no Rio, que com menos de um ano depois de inaugurado apresenta rachaduras. Já em Realengo, há dois anos, moradores dos condomínios Ipê Branco e Ipê Amarelo, do mesmo programa, convivem com afundamento do solo, ladrilhos despencando e infiltrações.
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