Madeireiro já autuado pelo Ibama, o prefeito de General Carneiro, Ivanor Dacheri, alega que a cidade é dependente da exploração florestal e reconhece que atividades ilegais são mantidas no município como forma de garantir emprego e renda para a população. Ele tenta pressionar o Ibama para diminuir a fiscalização na cidade. Na semana passada, foi a Brasília reclamar com o presidente do órgão, Roberto Messias Franco, das "vistorias excessivas" na região. "Não entendemos por que a fiscalização do Ibama concentra há seis meses imenso esforço repressor exclusivamente neste município, de uma maneira turbulenta, em conjunto da Polícia Federal", diz a carta, encaminhada ao ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.
O prefeito voltou da capital federal com a resposta de que a denúncia de ações violentas seria averiguada. "Não entendo o motivo desses sobrevoos de helicóptero. Nossa cidade é pequena e as pessoas ficam assustadas com isso", argumenta. A regional do Ibama e a PF negam que tenham agido com excesso ou com violência.
Dacheri afirma que não é contra a fiscalização, mas diz acreditar que essa medida deve ser precedida por um trabalho de orientação. Ele alega que 59% da população economicamente ativa do município depende, de alguma forma, do setor madeireiro e que as ações do Ibama ameaçam a sobrevivência financeira da cidade. "Está acontecendo uma represália. De certa forma, o município está engessado e não tem alternativas fora a madeira", diz.
Questionado sobre a possibilidade de a floresta ser extinta em pouco tempo, no ritmo de exploração a que está exposta, o prefeito alega que os moradores da região vivem da madeira e sabem como manejar as matas de forma a garantir que o recurso natural esteja sempre disponível. Ele nega que o forte na cidade seja a exploração da madeira em grande escala comercial. "Quem está tendo problema são os pequenos, que cortam pra fazer uma lenhazinha ou um carvãozinho. Pessoas que dependem disso para a sobrevivência", avalia. O prefeito afirma que as pessoas que preservaram a natureza até agora estão sendo tratadas como bandidas. Mas admite que há situações de desmate irregular na cidade. "Se eu disser que não tem corte ilegal, vou estar mentindo", diz.
O prefeito reconhece que é madeireiro e que já foi autuado pelo Ibama. Ele alega que tinha a autorização do corte, mas que não houve entendimento quanto à quantidade de madeira. "Foi uma diferença na metragem e estou contestando", afirma. No feriado do carnaval, uma fiscalização via helicóptero encontrou uma área de desmate e conseguiu local de pouso para averiguar o que estava acontecendo. Encontraram um caminhão, com o documento em nome do prefeito. Dacheri nega que estivesse cortando madeira nativa. Declara que apenas foi contratado pelo proprietário da área para serrar as toras que estavam sendo retiradas. O caso está sendo investigado pela Polícia Federal. (KB)
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