No próximo dia 1.º, a Câmara Municipal de Mandirituba pode acabar com a intenção do Consórcio Intermunicipal para a Gestão de Resíduos Sólidos em implantar o Sipar, a usina de reciclagem do lixo de Curitiba e região, no município. Na última semana, o prefeito Antônio Maciel Machado (PDT) vetou pedido de consulta popular solicitado de forma unânime pela Câmara. Agora, o veto do prefeito volta à Casa e pode ser barrado, fazendo com que a população tenha a oportunidade de decidir se aceita a instalação do Sipar. Há três anos, a população de Mandirituba se mostra contrária a conviver com o lixo da capital e de outros 18 municípios. Em dezembro de 2008, foi sancionada a Lei Municipal 483, que impedia a cidade de receber resíduos sólidos de outras localidades. No ano passado, Machado fez um decreto, regulamentando a legislação e autorizando o recebimento de resíduos desde que em uma usina de reciclagem, caso do Sipar. No mesmo período, o Consórcio Intermunicipal fez uma série de estudos ambientais, escolhendo três áreas para instalar a planta do lixo. Três locais foram considerados adequados, mas Mandirituba era considerado o melhor por causar menos danos ao meio ambiente e estar mais distante dos centros urbanos.
O prefeito Antonio Maciel Machado (PDT) diz que o veto se deve a um compromisso assumido com as demais cidades do consórcio. Outra justificativa é que a organização de uma consulta popular também estaria fora do planejamento orçamentário da cidade. "Eu me comprometi com 19 municípios", diz. O prefeito também diz ter afirmado, em conversa com o atual governador Beto Richa (PSDB), que defenderia a instalação do Sipar. O Consórcio Intermunicipal afirmou que está aguardando o desenrolar dos fatos para falar oficialmente sobre o assunto.
Machado, por outro lado, admite que a instalação do Sipar rende frutos ao município. Em torno de R$ 450 mil em ISS (Imposto Sobre Serviço) entrariam no orçamento da cidade todos os meses, além de atrair empresas e oferecer empregos. "Com o dinheiro, seria possível dar aumento ao funcionalismo público depois de seis anos, além de melhorar o acesso à saúde e à educação" diz.
O vereador José Luiz de Oliveira (PC do B), presidente da Câmara Municipal de Mandirituba, confirma para a sessão do dia 1.º a votação de um possível bloqueio ao veto do prefeito. "Não sou contrário à instalação do Sipar. Mas a decisão vai caber a cada um dos outros oito vereadores", afirma. Segundo ele, o processo virou "politicagem", ocasionando uma série de informações desencontradas. "É uma disputa entre grupos que lutam pelo poder na cidade", diz. Na Casa, há dois vereadores do PSDB, três do PDT, e um do PTB, PP, DEM e PC do B.
Desmotivação
A moradora de Mandirituba e presidente da Oscip Ação Ambiental, Ionara Marcondes, afirma que a população não concorda com o veto do prefeito. "Todos esperavam que fosse respeitada a vontade da população. Agora a Câmara tem autonomia para fazer isso", diz. De acordo com ela, o povo se sente desmotivado e teme pelas consequências da instalação do Sipar no futuro do município. "Quando se conversa com as pessoas, elas dizem que a cidade vai retroceder no tempo, que não haverá benefícios", diz.