A prefeitura de Curitiba anunciou, na manhã desta sexta-feira (26), que vai apurar as circunstâncias da prisão do advogado Renato Almeida Freitas Júnior, que foi detido por agentes da Guarda Municipal (GM), acusado de desacato à autoridade e resistência à prisão. Após ser solto, o jovem denunciou que sofreu agressões e injúrias raciais. Ele também é candidato a vereador pelo PSol.
Segundo nota emitida pela prefeitura, a Secretaria Municipal da Defesa Social – a que está vinculada a GM – determinou a abertura de um procedimento administrativo, que será conduzido por uma comissão de apuração. O Sindicato da GM de Curitiba e a comissão de direitos humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) devem acompanhar o processo. Freitas Junior e os guardas municipais que efetuaram a prisão serão ouvidos ao longo da apuração.
Também por meio de nota, a vice-prefeita Mirian Gonçalves disse que os relatos “são graves” e devem ser “apurados com urgência e lisura”. Na avaliação dela, as alegações do jovem advogado podem ser comprovadas por meio da análise de câmeras de segurança e do registro da prisão. “Não se pode admitir que servidores, cujo dever é proteger bens, serviços e instalações municipais ultrapassem qualquer limite que possa sequer ofender a população”, afirmou, por meio da nota.
Em entrevista à Gazeta do Povo, Freitas Júnior disse que vai comparecer em todas as audiências para as quais for convocado e que vai requisitar imagens de câmeras de segurança do Largo da Ordem, que podem ter flagrado a prisão. O advogado foi detido por volta das 15 horas de quinta-feira (25), na Rua do Rosário, enquanto ouvia rap em seu carro – um Hyundai i30 – que estava estacionado.
Apesar de estar mais tranquilo em relação ao acontecimento, Freitas Júnior disse que foi “humilhado” pelos guardas municipais por motivos raciais. “Eu tenho o perfil de ser uma pessoa negra e pobre. Todos esses elementos complexos geram uma visão estereotipada, em que eles pensam que uma pessoa nessas condições – negra e pobre – não pode ser advogado e ter um carro”, avaliou. “É algo que tira a humanidade da gente, porque, por uma fração de segundo, a gente entra no jogo deles e pensa que é inferior”, completou.
O advogado diz ter levado um soco antes de receber voz de prisão. Ele também diz que foi colocado no chão e que um dos guardas pisou em seu rosto, dizendo que preferia estar “pisando em merda”. O jovem também relatou ter sido despido e colocado nu em uma cela do 3º Distrito Policial (DP), o que configuraria excessos.