A gestora pública de promoção da igualdade racial da prefeitura de Londrina, Maria de Fátima Beraldo, garantiu que os livros da Editora Ética, qualificados como racistas e incorretos, adquiridos por R$ 600 mil – sem licitação – pela Secretaria de Educação, foram trocados por outros. A afirmação foi feita em reunião extraordinária do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial, que em breve deve emitir um parecer sobre a compra dos 13,5 mil exemplares da coleção Vivenciando a História e a Cultura Afro-Brasileira e Indígena. Por recomendação do Ministério Público, escolas e bibliotecas públicas de Londrina começaram a recolher o material.

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"Foi apresentado para a gente um livro sobre história e cultura afro-brasileira e africana, e o livro que chegou foi o da coleção", disse Beraldo, em entrevista à RPC-TV Londrina. Sobre a demora na percepção do suposto erro, a gestora afirmou não ser "papel da assessoria de promoção da igualdade tratar das aquisições e compras do material". A Editora Ética, que se mantém em silêncio, exibe duas coleções em seu site. Embora semelhantes, elas possuem capas com detalhes diferenciados.

Os livros foram adquiridos há quatro meses pela prefeitura, mas o caso só veio à tona após denúncia do Fórum das Entidades Negras de Londrina (Fenel) ao Ministério Público. A secretária municipal de Educação, Karin Sabec, negou-se a conversar com a imprensa. Anteriormente, ela havia declarado que os livros "não tinham problema nenhum". O secretário de Gestão, Marco Cito, afirmou que a pasta não confere o conteúdo pedagógico do que é comprado.

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Na manhã de ontem, o prefeito Barbosa Neto, em entrevista coletiva, minimizou o problema e defendeu que "nunca nenhum prefeito tinha pensado em políticas públicas afirmativas para diminuir o preconceito". Barbosa apenas colocou como hipótese o suposto erro confirmado pela gestora da prefeitura e preferiu atacar movimentos sociais que tratam da questão. "Há muita política também por trás disso. Existem até interesses internos da própria comunidade que visa à consciência negra. São alas e setores que obviamente ficaram desapontados com a escolha desse material, aprovado pela Câmara Brasileira do Livro", argumentou. Apesar do ataque, o prefeito declarou não ter lido o conteúdo questionado.

Segundo Barbosa Neto, se houve erro, a prefeitura vai recolher o material e solicitar à editora que republique os livros ou devolva o dinheiro. O prefeito considerou como "óbvio" o fato de que a Secretaria de Educação tenha analisado o conteúdo pedagógico da obra e garantiu que não haverá prejuízos.